Proposta
de redução da maioridade penal é aprovada na Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara dos Deputados
Jornalista
Roberto Ramalho
A Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou proposta de emenda à constituição que
reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal, mesmo sob protestos.
A PEC 171/1993 foi considerada constitucional
por 42 deputados que aprovaram o relatório do deputado Marcos Rogério (PDT/RO),
que é favorável à admissibilidade da proposta, diante dos votos de 17 deputados
que votaram contra.
Ele foi escolhido como novo relator
após o parecer original, do deputado Luiz Couto (PT-PB), contrário à
admissibilidade da proposta, ter sido derrotado por 43 a 21 votos.
O texto agora segue para análise de
uma comissão especial a ser formada que pode demorar até 40 sessões e terá de
passar por duas votações no plenário da Câmara.
Segundo dados do Ministério da Justiça de 2011, menos de 1% dos homicídios foram cometidos por menores de 18 anos.
Do total de jovens que cumprem medidas
socioeducativas, a maioria cometeu crimes patrimoniais como furto e roubo
(43,7% do total) e envolvimento com o tráfico de drogas (26,6%).
Desde o início da sessão, partidos
políticos como o PT, PSol e PCdoB usaram manobras regimentais a fim de impedir
a votação, mas foram derrotados.
Segundo eles a mudança é inconstitucional
por querer alterar cláusulas imutáveis da Constituição. Já parlamentares
favoráveis se pronunciaram brevemente, a fim de agilizar o debate.
O deputado Alessandro Molon (PT-RJ)
destacou a inconstitucionalidade da medida. De acordo com ele o partido estuda
enviar um mandado se segurança ao Supremo Tribunal Federal (STF) a fim de
evitar a tramitação da PEC.
Ele lembrou ainda que o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) prevê sanções a menores infratores. “É possível
que um adulto fique menos tempo preso por um homicídio do que um adolescente
que cometa o mesmo crime”, afirmou.
Por outro lado, o deputado Evandro Gussi
(PV/SP) afirmou que não existe unanimidade entre juristas em face ao
entendimento da inconstitucionalidade. "Não há essa leitura apenas. Vamos
afastar essa ideia de que essa é uma cláusula pétrea" disse. O deputado
Giovani Cherini (PDT/RS) ressaltou que é preciso diminuir a certeza da
impunidade de adolescentes de 16 anos que cometem crimes.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou um comunicado contrário à medida, por considerar que ela viola direitos e garantias individuais. Outras entidades, como o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (Conanda), o Conselho Federal de Psicologia e Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced) também se opõem à medida. Eles argumentam que ela será ineficaz na redução da violência no país, além de ir na contramão das recomendações internacionais.
A Proposta de Emenda à Constituição 171 de 1993 altera a redação do artigo 228 da Constituição Federal, reduzindo a maioridade penal de 18 para 16 anos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) estabelece que a partir dos 12 anos, os jovens estão sujeitos a sanções
por cometerem crimes, sendo três anos o tempo máximo de internação.
As medidas socioeducativas têm caráter
predominantemente educativo e não punitivo. Elas incluem prestação de serviços
à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação.
Como pai, cidadão, advogado,
jornalista e formador de opinião, opino favoravelmente pela aprovação dessa
PEC.
O índice de criminalidade praticado
por jovens entre 12 a 18 anos é elevadíssimo e algumas estatísticas que afirmam
que somente 1% dos jovens praticam homicídios ou latrocínios é uma piada de mau
gosto.
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