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terça-feira, 17 de março de 2015

PEC que reduz a responsabilidade penal pode ser votada hoje na Câmara dos Deputados

Jornalista Roberto Ramalho

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (17) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93 que reduz a responsabilidade penal de 18 para 16 anos.

A proposta está na pauta e chegou a tramitar na CCJ na última legislatura, porém, não foi votada.

A PEC é a mais antiga das cerca de 30 propostas que tramitam na Casa Legislativa pedindo a alteração na maioridade penal.

A proposta de redução da maioridade penal divide especialistas e o tema é bastante polêmico.

Segundo alguns analistas existe a ideia de que adolescentes menores de 18 anos têm discernimento para entender que estão cometendo crimes graves. Assim, segundo os defensores da redução da maioridade penal, esses jovens devem ser punidos de acordo com a gravidade de seus atos.

Todavia, há defensores da manutenção da maioridade em 18 anos. Eles argumentam que a redução da idade para responsabilização penal é uma medida simplista e que pode gerar ainda mais problemas para a segurança pública. A solução, segundo eles, seria ampliar as políticas sociais de proteção aos jovens.

O professor da Universidade de Brasília, sociólogo e estudioso da segurança pública, Antônio Flávio Testa defende a tese de que os crimes devem ser punidos de acordo com a gravidade, independentemente da idade de quem os cometeu.

Afirma ele: “Sempre há discussão em torno de quem cometeu crimes, mas não na família das vítimas. Dizer que, pela idade, uma pessoa é menos perigosa, é falacioso.”

Ainda segundo o sociólogo, um crime cometido por um menor ou por um adulto não pode ser tratado de forma diferente e o contexto social não pode ser levado em conta para a punição. “Há uma dívida social com as famílias mais pobres, mais carentes, mas querer dizer que um menor de família pobre que comete um homicídio não deve ser punido, é absurdo. Na minha avaliação, se cometeu um crime grave tem que ser punido de acordo com a gravidade do crime.”

A administradora executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira diz que o número de atos infracionais praticados por adolescentes é “muito menor” que o de adolescentes vítimas de violência. De acordo com ela “a maior parte dos adolescentes internados, de acordo o Conselho Nacional de Justiça, cometeu roubo ou foi pega praticando tráfico de drogas. 

Esses crimes são típicos de ausência de uma polícia de enfrentamento às drogas. Isso tem, por certo, adultos por trás.” Para ela a violência deve ser vista como fenômeno social grave e tratada com políticas de prevenção e proteção. E sentencia: “A maioria dos adolescentes internados quando cometeu seu primeiro ato infracional não estava mais na escola, ou seja, já estava com um direito não garantido. Muito mais que pensar uma mudança de lei, a gente precisaria investir fortemente em uma política de proteção e de garantia de projeto de vida para esses jovens”.

De acordo com a Constituição, os menores de 18 anos não podem ser imputados penalmente e ficam sujeitos a punições específicas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente – as denominadas medidas socioeducativas.


O relator da matéria sustenta que a PEC seria inconstitucional por ferir Cláusula Pétrea e o Pacto de São José.

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