Policiais militares entram em confronto com forças do Exército na Assembleia Legislativa da Bahia e deputados federais tentam acordo com governo
Jornalista Roberto Ramalho
PMs em greve que se rebelaram, e que estavam concentrados na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, entraram em confronto com soldados do Exército e policiais que cercam o local na manhã da segunda-feira (06).
Desde o início do dia, cerca de 600 homens do Exército, além de 40 agentes do Comando de Operações Táticas isolam a área na tentativa de garantir a livre circulação e o funcionamento do Centro Administrativo da Bahia.
O isolamento da área também teve por objetivo facilitar o cumprimento pela Polícia Federal de 11 mandados de prisão contra líderes do movimento grevista.
A presença dos manifestantes no local gerou conflito com os homens que fazem o policiamento na região. Tiros de borracha chegaram a ser disparados contra o grupo, que avançou na direção dos soldados, ferindo alguns deles. Bombas de efeito moral também foram lançadas. Há vários manifestantes feridos, além de um cinegrafista de uma TV local.
Na região da Assembleia Legislativa onde aconteceram os conflitos conversaram com os manifestantes o secretário de Segurança do Estado, o comandante-geral da Polícia Militar e o comandante das forças de segurança na Bahia.
Vários deputados participam das negociações entre o governo baiano e a Polícia Militar, em greve há uma semana. Alguns parlamentares apontam a PEC 300 (PECs 446/09 e 300/08) como solução para o impasse, mas o governo federal é totalmente contra.
Os PMs baianos reivindicam o aumento de uma gratificação salarial e a anistia para os grevistas que aderiram ao movimento, entre eles os líderes que estão sendo procurados pela Polícia Federal com o objetivo de prendê-los .
O governo do Estado só admite dar os 6,5% do reajuste linear do funcionalismo. Sem policiamento, os índices de crimes tiveram crescimento acentuado. Desde o começo da greve já morreram cerca de 100 pessoas.
O Exército e a Força Nacional de Segurança tentam reforçar a segurança pública e já entraram em confronto com os policiais grevistas que ocupam a sede da Assembleia Legislativa, desde o dia 31.
O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) sugeriu uma mesa de negociação coordenada por uma comissão de parlamentares. Afirmou ele: “Conversei com os trabalhadores da polícia e também com o governador Jaques Wagner sobre a possibilidade de uma comissão de parlamentares, que envolvesse senadores e alguns deputados, e que pudesse abrir uma negociação para tentar resolver rapidamente essa questão da greve na Bahia. O governador foi muito simpático à ideia, disse que faria uma última tentativa (de negociação com os policiais) e, caso não tivesse acordo, ele aceitaria, com certeza, a intermediação dos deputados e dos senadores, na parte da tarde de terça-feira (7)”, frisou.
Se a mesa de negociação se confirmar nesta terça-feira, Paulo Pereira da Silva pretende se reunir também com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, para a composição da comissão de deputados.
O deputado federal também conhecido pelo apelido de Paulinho, assinala que o momento pede serenidade e uma negociação democrática. Ele lembra que esse é melhor caminho e “já deu resultados positivos nas greves dos policiais do Maranhão e Ceará”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário