Clínica de Repouso José Lopes deixa de atender pacientes do SUS e Hospital Escola Portugal Ramalho poderá ser o próximo
Jornalista Roberto Ramalho
O fechamento da Clínica de Repouso José Lopes de Mendonça, localizada no bairro do Mutange, resultou em total desespero aos familiares de pacientes.
De acordo com eles, a direção da Casa de saúde comunicou que está encerrando o atendimento pelo SUS e que brevemente o mesmo deverá ocorrer na ala particular, com previsão de encerramento nos próximos dois meses.
Revoltado com a situação o deputado João Luiz (DEM) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Alagoas, na tarde desta terça-feira (12), para denunciar que pacientes psiquiátricos estão sendo liberados das unidades de internação 'sem a mínima condição de conviver em sociedade'.
Durante a sessão plenária, o deputado afirmou que foi procurado por familiares de pacientes que lhe disseram que a razão seria a falta de recursos como a provável causa da liberação 'precoce' por parte das unidades de internação, administradas pelo governo estadual.
Segundo afirmou João Luiz, na Clínica José Lopes, localizada no bairro de Bebedouro, 127 pacientes já têm autorização para sair a qualquer momento da unidade.
O parlamentar fez questão de lembrar ao Governo do Estado que 'é responsabilidade do poder público garantir a devida assistência a esses pacientes'.
Assim se expressou o deputado do Democratas sobre a situação: "Do total de 127 pacientes, 97 não têm a mínima condição de conviver em sociedade. Já 30 não têm família. Para onde eles irão? Vão viver nas ruas? É importante que o Poder Executivo aponte uma solução para isso. Afinal, temos uma situação que coloca em risco tanto os pacientes, como os familiares".
Diante da gravidade da situação, o deputado João Luiz propôs que a Assembleia Legislativa de Alagoas discuta o assunto afirmando, inclusive, que buscará a ajuda do Ministério Público de Alagoas (MPE-AL).
Sobre a gravidade sa situação assim afirmou o presidente da ALE, deputado Luiz Dantas (PMDB): "Essa situação dos pacientes psiquiátricos não pode ser tratada de forma tão fria. São pessoas que têm problemas mentais e que não têm uma estrutura familiar. É preciso ter responsabilidade. Vidas estão em jogo".
O líder do governo na ALE, deputado Ronaldo Medeiros (PT), disse que manteve um contato com a Secretaria de Estado de Saúde, responsável pelas unidades, e teria sido informado de que a redução dos custos seria fruto de uma tendência internacional.
Falou o deputado e líder do governo, Ronaldo medeiros: "Não mais veremos pacientes eternamente recolhidos às unidades de internação. Há uma determinação para se reduzir este cárcere", sem, no entanto, revelar quanto seria em em valores, o 'corte' registrado em cada unidade de internação.
O deputado João Luiz disse, também, na oportunidade, que, devido à redução dos recursos, as unidades de internação Ulysses Pernambuco e Miguel Couto estariam passando por dificuldades. Segundo ele os leitos para os pacientes psiquiátricos na 1ª unidade hospitalar teria sofrido uma redução de 40 leitos, enquanto que na Miguel Couto, a internação havia sido suspensa, conforme informação da própria unidade hospitalar.
Já o único hospital psiquiátrico que ainda funciona em Alagoas, o Portugal Ramalho, a situação é muito difícil, já tendo havido redução no número de internamentos e a perspectiva de ser extinto a médio e longo prazo.
Segundo informações obtidas com exclusividade por este blogueiro, em seu lugar será criado um hospital com especialidade clínica, restando, ainda, um número muito pequeno de leitos para os pacientes psiquiátricos.
O grande problema é que desde a criação da Lei Antimanicomial, em 2001, os municípios ficaram obrigados e encarregados de implantarem os denominados CAPS - Centros de Atenção Psico-sociais - porém a grande maioria deles ainda não saíram do papel, e os que existem ou não tem mão de obra qualificada, ou estão sucateados, ou praticamente necessitam dos meios necessários para se trabalhar.
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