Ministro Guido Mantega pressiona e PLC das dívidas
dos Estados e municípios é adiada. Renan estaria barganhando apoio político
para a candidatura de Renan Filho ao governo de Alagoas
Jornalista Roberto Ramalho
Em uma operação
coordenada pela base aliada do governo, o Senado Federal adiou ontem a votação
do Projeto de Lei Complementar nº 99/2013, que muda os indexadores da dívida de
estados e municípios.
O senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) apresentou três emendas em plenário, o que obriga,
regimentalmente, a proposta a voltar para as comissões de Assuntos Econômicos
(CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ).
Depois de decorridos 15
dias úteis nos colegiados, o texto retornará automaticamente para a apreciação
do plenário.
Sabendo que estaria prejudicando a aprovação do projeto, o senador do
PSOL, Randolfe Rodrigues mudou de ideia mais tarde e apresentou um requerimento
para retirar as emendas do plenário, tentando permitir que a matéria fosse
apreciada ainda ontem pelos senadores. Mais já era tarde.
“Não quero servir a interesses de banqueiros internacionais que
pressionam o governo para que o projeto não seja aprovado”, disse o parlamentar
do Amapá.
Entretanto, uma ação coordenada pelas bancadas do PT, do PMDB, do PR e
do PTB manteve a necessidade de apreciação das emendas e consequentemente de
parecer da CAE e da CCJ.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ajudou a segurar a
tramitação da matéria.
Insatisfeito com a condução política do vice-presidente da República,
Michel Temer (PMDB-SP), nas negociações para que a bancada do PMDB seja
contemplada com mais uma cadeira na reforma ministerial, Renan Calheiros chamou
a Casa o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o objetivo de prestar
esclarecimentos sobre o projeto.
Os senadores da base
aliada atenderam ao pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que
adiassem a votação do projeto.
Mantega esteve reunido
com os líderes partidários no Senado mais cedo e alegou que a atual conjuntura econômica
mundial não favorece a aprovação da matéria, porque ela terá impacto nas contas
do governo.
Disse ele: “[A posição
contrária à aprovação] não significa [enterrar o projeto]. Significa que
devemos deixar passar esse momento mais turbulento, devemos permitir que haja
uma recuperação da confiança internacional”.
Mantega disse que o
momento é de volatilidade internacional, mas que vê a turbulência como
temporária.
Afirmou ele: “[A
turbulência] vai se acalmar, pois não há questões estruturais [por trás dela].
É questão de transição de uma economia de crise para uma economia que está
superando a crise”.
“Renan quer barganhar um ministério para a bancada e também conseguir o
apoio do PT para a candidatura do filho para o governo de Alagoas”, disse um
senador que não foi mencionado.
O projeto do Poder Executivo, anteriormente defendido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, se tornou inconveniente para o governo por duas
questões: Uma seria política, já que beneficia, sobretudo, o município de São
Paulo com um abatimento de R$ 26,3 bilhões. A outra, de natureza econômica,
seria o de enviar ao mercado mais um sinal de dúvida sobre a solidez fiscal do
governo.
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