OAB é impedida de
investigar em Pedrinhas e pede impeachment da governadora. Justiça do Maranhão
ordena a construção de novos presídios em 60 dias e a reforma da de Pedrinhas
Jornalista Roberto Ramalho
Segundo
informa Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA), desde a última sexta-feira,
integrantes da Comissão de Direitos Humanos da seccional maranhense têm sido
impedidos de adentrar o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.
A
denúncia foi formalizada pelo presidente da entidade, o advogado Mário Macieira.
Afirmou
ele: "Na sexta-feira, estávamos acompanhando uma comitiva da Assembleia
Estadual e fomos impedidos de entrar. Hoje (ontem), com a comitiva do Senado
Federal, do mesmo modo, nos foi impedida a entrada. A alegação é de que há
situações de segurança que justificariam o embargo à nossa atuação",
relata.
O
presidente da OAB do Maranhão também afirmou que desde que policiais militares
passaram a reforçar a segurança dentro de Pedrinhas, no fim do ano passado, a
entidade têm recebido relatos de maus-tratos e torturas contra presidiários.
Disse
Mario Macieira: "Temos recebido algumas denúncias de que estaria havendo
abusos, tortura, presos sendo baleados com balas de borracha e (lançamento de)
bombas de gás nas celas enquanto dormem".
O
presidente da OAB-Maranhão lamenta que, com o impedimento de entrar em Pedrinhas,
as acusações não pudessem ser apuradas. "Não tivemos nem como
constatá-las", reclama.
A
Polícia Militar do Maranhão se comprometeu em apurar as suspeitas, mas
ressaltou que age sempre primando pelo respeito aos presos.
Em
entrevista concedida na quinta-feira (09) à assessoria de imprensa do Conselho
Federal da OAB, o presidente da seccional maranhense da entidade, Mário
Macieira, relata a situação caótica da penitenciária de Pedrinhas, além de
destacar a pronta atuação do presidente Marcus Vinicius Furtado Coêlho no caso.
Mas
uma comitiva da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal visitou as
instalações de Pedrinhas.
Quatro
senadores vistoriaram as condições do local, onde 62 presos foram assassinados
desde o ano passado.
A
senadora Ana Rita (PT-ES), que preside a CDH, se mostrou impressionada com a
superlotação. Segundo ela o local está em situação "deprimente e
caótica".
A
senadora destacou ainda que a maior queixa dos presos é relativa à lentidão do
julgamento dos processos e à militarização da segurança interna, com a presença
da PM e da Força Nacional de Segurança Pública.
Desde
segunda-feira pela manhã, presos de três pavilhões fazem greve de fome coletiva
para reivindicar melhores condições.
O
senador Lobão Filho (PMDB-MA), que também esteve em Pedrinhas, concorda com o
gargalo judicial.
Afirmou
o senador: "O volume de presos temporários é absurdo. Alguns estão lá
indevidamente há mais de 6 meses, 1 ano. Isso incha o presídio, gera
injustiças, pois eles poderiam até ser inocentados e, portanto, não precisariam
cumprir pena".
Lobão
Filho criticou a presença da CDH na penitenciária. Disse ele: "Há uma
inversão de prioridades. É um equívoco dar prioridade ao bandido, ao
presidiário, e nem sequer cogitar ir às famílias das vítimas e dos
policiais".
De
acordo com a assessoria de Ana Rita, uma visita aos parentes dos mortos deveria
ser feita na noite de ontem, mas ainda não tinha acontecido.
E segundo
informa o jornal “O GLOBO”, a
Justiça determinou que o governo do Maranhão construa, em 60 dias, novos
presídios no estado.
A
decisão, resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público em
2011, prevê também a reforma do Complexo Penitenciário Pedrinhas, também em 60
dias.
O juiz
Manoel Matos de Araújo, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca de
São Luís, determinou que os novos presídios fossem construídos
preferencialmente no interior do estado e que eles tenham alojamentos
suficientes para resolver o problema de superpopulação do Maranhão.
Se o Estado
não construir os presídios ou reformar o complexo de Pedrinhas no prazo
determinado, pode ser multado em R$ 50 mil por dia. A Justiça também ordenou a
nomeação, dentro de um mês, de agentes penitenciários aprovados em concurso
público no ano passado.
E nesta
terça-feira, advogados do Coletivo de Advogados de Direitos Humanos
protocolaram na Assembleia Legislativa do Maranhão uma representação pedindo o
impeachment da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, devido à situação do
sistema carcerário no Estado.
O grupo,
composto por 25 advogados de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo
Horizonte e Maranhão, afirma que Roseana tem que ser responsabilizada por
falhas e incompetências políticas no caso e que ela não tem cumprido com seu
dever constitucional de zelar pelos direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos do Estado, especialmente os dos presidiários de Pedrinhas.
Uma
inspeção realizada pelo CNJ em 2011 já tinha constatado as graves
irregularidades no presídio de pedrinhas.
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