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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014



Artigo: A hepatite C a um passo da cura

Roberto Ramalho é jornalista e pesquisador

Uma nova descoberta de cientistas dos EUA constatou que um novo coquetel contendo dois medicamentos demonstrou ser muito eficaz contra a hepatite C, segundo resultados de testes clínicos publicados, revelando que esta infecção crônica do fígado estaria a ponto de ser derrotada. 

O estudo realizado nos Estados Unidos se concentra na combinação de dois potentes antivirais ingeridos oralmente, o daclatasvir e o sofosbuvir, e teve como principal pesquisador e autor do estudo publicado na revista New England Journal of Medicine de 16 de janeiro, o doutor Mark Sulkowsk, diretor do Centro de Hepatites Virais da Faculdade de Medicina John Hopkins (Baltimore, Maryland, leste). 

A pesquisa foi financiada pelos laboratórios farmacêuticos Bristol Myers Squibb e Gilead Sciences, e mostra que a mistura dos dois princípios ativos supõe taxa de cura de 98% sem gerar efeitos colaterais significativos no organismo das pessoas que ingerem os medicamentos.
"Esta pesquisa abre caminho para tratamentos seguros, bem tolerados e eficazes para a grande maioria dos casos de hepatite C", comemorou o doutor Mark Sulkowski, principal autor do estudo. 

"Os medicamentos padrão contra a doença terão uma melhora considerável até o ano que vem o que levará a avanços sem precedentes no tratamento dos doentes", afirmou o cientista e pesquisador.

Segundo o estudo, o teste clínico de fase 2 foi realizado com 211 homens e mulheres infectados com uma das principais cepas do vírus responsável por esta infecção hepática crônica, que causa cirrose ou câncer de fígado, tornando necessário um transplante do órgão.

O documento afirma que o coquetel foi eficiente até mesmo naqueles pacientes de difícil tratamento, para os quais a tripla terapia convencional adotada atualmente (telaprevir ou boceprevir, além de peginterferon e ribavirina) fracassou.

A pesquisa constatou, ainda, que dos 126 participantes infectados pelo genótipo 1 do vírus da hepatite C que não receberam um tratamento prévio, 98% ficaram curados. Essa cepa, embora resistente, é a mais frequente nos Estados Unidos e a menos agressiva ao fígado do doente.

O que mais surpreendeu os cientistas e pesquisadores foi que 98% dos 41 pacientes que ainda estavam infectados após uma tripla terapia convencional não apresentaram ter vestígio algum do vírus no sangue, três meses após o tratamento experimental.

Também ficou constatado que a taxa de cura foi similar nos outros 44 participantes do estudo, infectados pelos genótipos 2 e 3 do vírus, muito mais agressivos e  menos comum nos Estados Unidos.

Os cientistas e pesquisadores mostraram que o tratamento da hepatite C também será muito simplificado, passando dos atuais 18 comprimidos por dia a uma injeção semanal ou dois comprimidos diários, destacou o estudo.

De acordo com dados apresentados pelo organismo federal dos CDCs (Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, menos de 5% dos 3,2 milhões de americanos que sofrem de hepatite C ficaram curados. 

Os CDC estimam, também, que entre 50% a 75% dos moradores ignoram estar infectados, principalmente pelo uso frequente de drogas injetáveis, por transfusões de sangue e aqueles que foram contaminados nos anos 70 ou 80, ou por através de relações sexuais.

Determinadas ONGs, como a Médicos do Mundo, veem uma "grande esperança" nestes medicamentos, sobretudo o sofosbuvir da Gilead, no entanto afirmam que seu alto custo - mais de 70.000 dólares para um tratamento de 12 semanas - deixa a droga fora do alcance da grande maioria dos doentes dos países em desenvolvimento, principalmente aqueles localizados na África, Ásia, e América Latina. 

Pelo menos 185 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus da hepatite C no mundo, sendo que essa doença mata mais do que a AIDS.


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