Deputado condenado à prisão por
peculato e formação de quadrilha, tem seu mandato garantido pelos seus pares em
votação secreta
Jornalista Roberto Ramalho
Em votação secreta,
a Câmara dos Deputados rejeitou a cassação do mandato do deputado federal Natan
Donadon, de Rondônia.
O deputado está
preso desde o dia 28 de junho no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília,
onde cumpre pena de 13 anos devido à condenação por peculato e formação de
quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal.
Na sessão dessa
quarta-feira, 233 deputados votaram a favor do parecer aprovado pela Comissão
de Constituição e Justiça, favorável à cassação. Porém, o número foi
insuficiente para a perda do mandato, que exige ao menos 257 votos.
Outros 131 deputados
votaram pela manutenção do mandato de Donadon e 41 se abstiveram.
No entanto, após a
votação, o presidente da Casa, Henrique Alves, afirmou que o deputado será
afastado por causa da condenação pelo STF e convocou o suplente imediato, o
ex-ministro da Previdência e ex-senador Amir Lando para tomar posse.
Segundo a Mesa
Diretora da Câmara dos Deputados, com a rejeição da cassação, Donadon manterá o
status de parlamentar, mas o mandato ficará suspenso enquanto ele estiver
preso.
O PSDB e o
PPS protocolaram na noite desta quinta-feira (29) um mandado de segurança no
Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação da sessão da Câmara dos Deputados ocorrida nesta
quarta que livrou o deputado preso Natan Donadon (sem partido-RO) da cassação
do mandato.
Faltaram 24 votos para a perda do mandato,
e o deputado acabou afastado por decisão do presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN).
Na ação, os dois partidos alegam que a condenação de Donadon a 13 anos
de prisão por formação de quadrilha e peculato já pressupõe a perda de mandato,
sem a necessidade de votação de deputados. A posição já era definida pelo PSDB
quando a cassação do deputado estava em discussão na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania da Câmara (CCJ).
Declaração de parlamentares influentes e de
ministros do STF sobre o assunto:
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da
Câmara: "Tem que entender que
há uma Constituição e um regimento da Casa que determina que assim seja [que o
processo fosse submetido ao plenário]. Eu, como presidente, não sou ditador. Eu
não faço o que eu quero”.
Renan Calheiros (PMDB-RO), presidente do Senado: "Acho que não desgasta (a imagem do
Legislativo) porque precisamos ter respostas prontas, rápidas, céleres, e a
mais rápida, a mais célere e mais eficaz resposta é a aprovação da PEC 18, que
não tolera mais que essa situação persista: a compatibilidade da prisão com o
exercício do mandato legislativo".
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF): "Eu não vejo assim. Não se trata de preparativo (para o caso de outros parlamentares condenados no mensalão). É um episódio isolado, mas que mostra a força da hermenêutica do interesse, do corporativismo, e vejam as incongruências a que nós estamos submetidos".
Marco Aurélio Mello, ministro do STF: "O que eu percebo é que se fez uma
escolha discrepante da Constituição Federal porque pelo artigo 15, enquanto
durarem os efeitos da condenação, tem se a suspensão dos direitos políticos.
[...] Com a condenação, é a ordem natural das coisas, a Constituição estabelece
a simples declaração da Mesa da Câmara pela perda do mandato. Não passa pela
cabeça de ninguém que alguém com direitos políticos suspensos possa exercer um
mandato”.
Deputado Candido Vaccarezza (PT-SP): "O resultado de ontem influencia todo o debate na Câmara. Hoje, diversos deputados se manifestaram num clima de ressaca, de contrariedade pela votação e diversos deputados inclusive se manifestaram favoráveis a acelerar a votação do voto aberto para processos de cassação. Houve deputados que se manifestaram a favor do voto aberto em geral. Mas isso não é mérito da discussão desse grupo. Entra também como um dos itens da reforma política. O voto aberto ou não. Nós vamos debater esse assunto aqui".
Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara: “A Câmara dos Deputados está de luto. É de uma tristeza histórica o que está acontecendo nesta noite, e o voto secreto leva a isso. Foi chamada a atenção na Comissão de Constituição e Justiça de que isto [rejeição à cassação] poderia acontecer e que não derrogaria nenhum ato do STF”.
Manuela D’Ávila (RS), líder do PCdoB na Câmara: "Precisamos transformar esse luto numa
manifestação concreta de que alteraremos o futuro da Câmara. E esse futuro deve
ser alterado fazendo valer a votação da PEC do voto secreto. Não podemos
conceber que essa história se repita infinitamente".
Natan Donadon (sem partido-RO): "Não sou ladrão, nunca roubei nada. É
acusação injusta".
Opinião do
jornalista Roberto Ramalho
Esse
deputado corrupto e ladrão, e que escapou da cassação, deveria concorrer, se
pudesse, a eleição para ser Papa. Ele é um santo, minha gente!
Mas o
culpado disso tudo é o próprio eleitor. Por isso não tem o direito de reclamar
pela existência de um sistema de saúde precária, e de Escolas caindo aos
pedaços em todo o Brasil.
Canalhas não são
eles, canalha é aquele que elege esse tipo de escória para representá-lo.
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