Artigo: a prisão do irmão do líder da Al
Qaeda, que apoiava o ex-presidente Mursi, e a repressão ao movimento Irmandade
Muçulmana
Roberto Ramalho é jornalista e estudioso relacionado a assuntos internacionais
As forças de segurança do
Egito, formada principalmente pelo exército, afirmaram neste sábado que
prenderam um irmão de Ayman al-Zawhari, líder da rede terrorista Al Qaeda.
De acordo com as autoridades
egípcias, Mohammed al-Zawhari foi detido em uma blitz no bairro de Giza, no
Cairo, durante a ação das forças militares.
Segundo membros das fontes de
segurança, ele é acusado de envolvimento nos últimos ataques a militares na
cidade de Al Arish, na Península do Sinai.
De acordo ainda com
informações, a entidade que chefia o grupo radical islâmico Jihadi é uma das
que opera na região. A área, que faz fronteira com Israel, é alvo de uma
operação do Exército contra radicais islâmicos, iniciada em junho.
As ações dos grupos radicais
aumentaram após a deposição do presidente islamita Mohammed Mursi, que foi retirado
do poder pelos militares em 3 de julho por impor um governo totalmente
islâmico, desrespeitando a Constituição promulgada e incentivando o ódio.
A Al Qaeda ainda não se
pronunciou a respeito da prisão do irmão do líder da organização islâmica.
Nos últimos dias, as
autoridades egípcias disseram diversas vezes que prenderam líderes islamitas,
mas depois foram desmentidos. O último caso foi do dirigente da Irmandade
Muçulmana Mohammed el-Beltagui, que horas depois afirmou que estava
solto.
Se confirmada, não será a
primeira vez que o irmão do líder da Al Qaeda é preso no Egito. Ele foi
condenado em 1998 à pena de morte por crimes de terrorismo e, um ano depois,
foi preso nos Emirados Árabes Unidos e extraditado ao país
norte-africano.
Ele passou 12 anos na prisão,
mas foi solto em março de 2011, após a junta militar que comandava o pais, após
a ditadura de Hosni Mubarak, liberar todos os presos políticos islamitas. Ele
foi preso novamente por envolvimento nos combates nos Bálcãs, na década de
1990, e solto em março de 2012.
Durante este período em que
esteve solto, declarou apoio ao presidente islamita Mohammed Mursi, que foi
eleito em junho do ano passado.
No período em que esteve no
poder, as ações de militantes islâmicos aumentaram na região do Sinai,
incluindo sequestros de estrangeiros e incêndios no gasoduto entre Egito e
Israel.
As autoridades egípcias também
confirmaram que filho do líder religioso
da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie, foi morto nessa sexta-feira (16.08.13)
durante confronto entre os islamitas e a polícia.
A informação foi atestada pelo Partido
Liberdade e Justiça, braço político do movimento.
Era necessária a deposição de
Mursi do governo. Ele não mais dialogava com outros setores da sociedade civil
e com a oposição. Daí a intervenção das Forças Armadas do Egito e,
principalmente do exército, a organização mais forte e poderosa do país.
Tudo leva a crer que o grupo
Irmandade muçulmana partira para o confronto armado, gerando uma nova guerra
civil na região do Oriente Médio.
Mas, com as prisões dos
principais líderes da organização Irmandade Muçulmana isso poderá enfraquecer o
movimento.
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