Juiz manda e polícia prende dono
de boate e vocalista da banda que soltou sinalizador. 231 pessoas morreram e 80
permanecem em estado grave
Jornalista Roberto Cavalcanti
A polícia prendeu na manhã dessa segunda-feira um
dos donos da boate Kiss e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira.
Elissandro Sphor, conhecido como Kiko, foi preso em
um hospital da cidade de Cruz Alta. O outro dono da boate também teve prisão
temporária decretada, mas ainda não foi localizado pela polícia.
Já o vocalista e um produtor de palco da banda foram
detidos no município de Mata. Eles tiveram o pedido de prisão temporária de cinco
dias decretada pelo juiz Regis Bertolin.
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo,
durante a apresentação da banda que utilizou sinalizadores para uma espécie de
show pirotécnico. Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento
conhecido como "Sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico,
no teto da boate, dando início ao fogo, que se propagou em poucos minutos. Segundo
a Defesa Civil, o fogo realmente começou na espuma de isolamento acústico
quando um dos integrantes da banda que se apresentava acendeu um sinalizador
que atingiu o teto. Um segurança da casa e o vocalista da banda tentaram apagar
o incêndio, mas o extintor não funcionou. O sanfoneiro da banda, Danilo Jaques,
de 30 anos, está entre os mortos.
O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não
conseguiram acessar a saída de emergência. A grande maioria morreu asfixiada em
razão da inalação do produto tóxico e outra parte terminou morrendo pisoteada.
Segundo a polícia, o público na hora da tragédia
era de aproximadamente mil pessoas. O Corpo de Bombeiros, no entanto, estima
que o número era bem maior, chegando a cerca de 1.500 pessoas.
Um dos proprietários da boate Kiss, que pegou fogo
na madrugada de domingo em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, prestou
depoimento a polícia e confirmou que o alvará da casa estava vencido, porém em
processo de renovação.
O número de mortos no incêndio chega a 231, sendo
que cerca de 106 pessoas permanecem hospitalizadas (80 em estado grave).
Eles podem ser indiciados sob suspeita de homicídio
culposo (sem intenção) e provocação de incêndio. Além do alvará de
funcionamento, a boate funcionava também sem o Plano de Prevenção a Incêndio,
vencido desde agosto de 2012, de acordo com o secretário nacional de Defesa
Civil, coronel Humberto Viana.
Este é o segundo maior incêndio do Brasil. A maior
tragédia brasileira foi registrada em 1961, quando 503 pessoas morreram em um
incêndio no Grande Circo Brasileiro, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
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