Ilhas Cayman prestes a acabar com
sigilo
Matéria de Sam Jones, do “Financial
Times”, com tradução do Valor Econômico (18.01.2013).
Opinião de Roberto Cavalcanti
As Ilhas Cayman
preparam-se para acabar com décadas de sigilo e permitir maior transparência em
milhares de empresas e fundos hedge com sede no território caribenho, que
deseja se livrar da reputação de paraíso fiscal e porto seguro para atividades
financeiras clandestinas. Para isso, está propondo amplas reformas que vão
tornar públicos os nomes de milhares de empresas até agora ocultas, assim como
os de seus diretores. Esse processo depende de consulta em andamento, a ser
concluído em meados de março.
A maior parte das
pressões por mudanças veio de investidores em fundos hedge. Muitos dos maiores
fundos de pensão do mundo não têm, até agora, como verificar detalhes dos
fundos em que investem com sede no território ou sobre seus diretores.
As Ilhas Cayman se preparam para acabar com décadas
de sigilo e permitir uma maior transparência em milhares de empresas e fundos
hedge com sede no território caribenho.
O território marítimo britânico, que deseja se
livrar da reputação de atividades financeiras clandestinas, está apresentando
amplas reformas que vão tornar públicos os nomes de milhares de empresas até
agora ocultas, assim como o de seus diretores.
Em propostas enviadas a firmas de fundos hedge com
sede no território, às quais o "Financial Times" teve acesso, a
influente autoridade monetária local, Cima, delineou planos para criar pela
primeira vez uma base de dados com os fundos domiciliados nas Ilhas Cayman. A
base de dados também incluirá os diretores dos fundos, algo pendente de um
processo de consulta em andamento, a ser concluído em meados de março.
A Cima, que não retornou o pedido por comentários
sobre o tema, também pretende solicitar que os diretores promovam um processo
de verificação para assegurar que são qualificados para atuar como agentes
fiduciários.
"Nos 24 meses subsequentes ao início da crise
financeira, a Comissão de Serviços Financeiros das Ilhas Virgens Britânicas, o
Banco Central da Irlanda, a Comissão de Serviços Financeiros da Ilha de Jersey,
o Conselho de Serviços Financeiros das Bahamas e a Comissão de Supervisão da
Ilha de Man atualizaram, todas, seus códigos, leis e/ou regulamentações de
governança", destacou a Cima em um documento.
A decisão chega em meio à enxurrada de críticas
internacionais nos últimos anos às poucas exigências mínimas de transparência
do paraíso fiscal e às rigorosas leis de privacidade das empresas. O território
foi alvo da maior parte dos ataques furiosos de políticos dos EUA e União
Europeia (UE) contra centros financeiros em ilhas, uma vez que não seguiu o
ritmo das novas regulamentações internacionais. As Ilhas Cayman apareceram até
em discussões acirradas sobre questões tributárias do candidato presidencial
americano Mitt Romney.
A maior parte das pressões por mudanças, no
entanto, veio de investidores em fundos hedge e não de políticos. Muitos dos
maiores fundos de pensão do mundo até agora não tinham como verificar detalhes
dos fundos no território em que investiram ou sobre seus diretores.
"Estamos clamando por mais transparência já
algum tempo", disse Vincent Vandenbroucke, da Hermes BPK, que investe em
fundos hedge em nome de alguns dos maiores fundos de pensão do Reino Unido.
"Não é mais aceitável diretores [em territórios marítimos] como mera
formalidade".
Em 2011, o "Financial Times" expôs como
certos diretores nas Ilhas Cayman ocupavam cadeiras nos conselhos de centenas
de fundos hedge.
"É um passo significativo à frente",
disse Peter Heaps, diretor-gerente da Carne, uma firma que fornece diretores
para fundos nas Ilhas Cayman. "No momento, você pode agir como diretor de
uma entidade nas Ilhas Cayman, [estando] em qualquer parte no mundo,
independentemente de sua experiência ou conhecimento."
Opinião
de Roberto Cavalcanti:
Sem
dúvida nenhuma é um grande passo para que outros países acabem com seus
paraísos fiscais.
Muito
dinheiro que é depositado nesses paraísos é de organizações criminosas e de
desvio de recursos públicos.
Artigos e
matérias escritas como essa pelo jornal “Financial Times” são bastante
importantes e esclarecedoras para que a sociedade tome conhecimento.
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