Governo federal cede a ruralistas
e MP é aprovada na Comissão Especial do novo Código Florestal
Jornalista Roberto Ramalho
Depois de mais de 20 dias de impasse, o governo federal
e os ruralistas chegaram a um entendimento e fecharam um acordo na última quarta-feira
feira e concluíram a votação, na Comissão Especial, do novo Código Florestal.
Agora, a proposta segue para ser votada pelos
plenários da Câmara e do Senado até o dia 8 de outubro, quando a medida
provisória perde validade.
Para chegar ao entendimento, o Palácio do Planalto
e os ambientalistas fizeram mais concessões do que os ruralistas, que são
maioria no Congresso Nacional. O resultado foi, mais uma vez, a diminuição da
proteção ambiental.
A comissão apreciava a MP desde o início de junho e
havia aprovado apenas o texto-base do relatório do senador Luiz Henrique
(PMDB-SC) no mês seguinte, na véspera do recesso parlamentar.
Passados 22 dias de reunião, finalmente a Comissão
conseguiu reduzir os mais de 500 destaques para apenas 38 e acabou aprovando
quatro deles.
No entanto, o governo discordou dos principais
itens apreciados até então e entrou em campo. Assim, desde o início da semana,
integrantes da comissão se reuniram com ministros preocupados com a
possibilidade de derrota. A proposta encampada pelo Palácio do Planalto era a
de buscar um novo texto, acatando sugestões de ambos os lados e desconsiderando
o anterior.
O resultado foi, como se verificou mais uma vez, a
diminuição da proteção ambiental.
Entre as modificações aprovadas está a redução das
faixas mínimas de recuperação da vegetação em áreas de proteção na beira de
rios. Além disso, foi reduzida a área a ser recomposta em médias propriedades
do Cerrado Amazônico.
Em troca, os ruralistas restabeleceram a proteção
dos rios que secam em determinado período do ano, os chamados temporários. Só
os efêmeros, que surgem quando chove, mas sequer são cursos d"água,
ficarão sem proteção.
Segundo o senador Jorge Viana (PT-AC), que negociou
pelo governo “a causa ambiental tem poucos votos no Congresso. Mas, do jeito
que estava, era pior. Sem a proteção aos rios intermitentes. E, se a MP caísse,
deixaria principalmente os pequenos produtores na insegurança jurídica” -
afirmou.
E
hoje (30.08.12) no Site do jornal “Folha de São Paulo”, a presidente Dilma
Rousseff ficou contrariada com as notícias de que o governo fez concessões para
aprovar o Código Florestal em uma comissão do Congresso e indicou que o
Planalto não participou das negociações que alteraram o texto original.
Disse
ela: "Não há motivos econômicos para que nós não mantenhamos as áreas de
proteção ambiental ao longo do leito dos rios, sejam eles perenes ou não. O
governo está aberto a negociações, mas não assume responsabilidade por
negociações que não foram feitas com a presença dele", reagiu a presidente,
ao final do discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. E
arrematou: "O governo considera importantes alguns itens dessa medida
provisória, entre eles o que nós chamamos de escadinha".
Ainda
no site da “Folha de São Paulo”, a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente),
que participou do evento com Dilma, disse que a mudança no texto original é
"um retrocesso do ponto de vista de recuperação ambiental" e não foi
pactuada com o governo.
Segundo
ela "a posição do governo, desde o início nas negociações, foi a de não
alterar a medida provisória", disse a ministra. "Ontem o que vimos
foi uma decisão, que, no nosso entender, é um retrocesso do ponto de vista de
recuperação ambiental, porque poderá gerar uma situação de igualar os grandes
proprietários aos pequenos proprietários."
De
acordo ainda com Izabella, o ministério está analisando os possíveis impactos
da mudança, que "poderão levar a uma insegurança jurídica na aplicação da
lei". Afirmou a ministra do Meio Ambiente: "Nós vamos ter que jogar
para os Estados [a aplicação da lei], é isso? Uma propriedade vai ter 20 metros,
na propriedade seguinte vai ter 40 metros de recuperação. Essa falta de
clareza, de objetividade, está nos preocupando enquanto governo. Vamos
continuar o diálogo e ver como a gente pode corrigir isso", concluiu a
ministra.
OPINIÃO DE ROBERTO RAMALHO
A presidente Dilma quer dar uma de
agradável com os ambientalistas, mas, que cedeu, cedeu. E como cedeu. Ela
precisa dos votos da Direita ruralista para aprovar seus projetos de Lei, e
suas Medidas Provisórias que chegam ao Congresso Nacional para serem apreciadas
e votadas.
Foi uma importante vitória para os
ruralistas-fascistas e em especial para o deputado federal Ronaldo Caiado, que
de Caiado e calado não tem nada.
Seu tamanho, quase dois metros de
altura, se compara a seu perfil direitista no Congresso Nacional.
Ele faz inveja até o Benito Mussolini.