SUS
oferece teste para detectar a infecção generalizada (Sepse)
Manchete
e edição da reportagem de “O Estado de São Paulo” do jornalista Roberto Ramalho
Antes restrito à rede privada de
saúde, exame rápido tem ajudado os médicos a medir o nível da doença. A
infecção generalizada - sepse, no jargão médico - causa 400 mil mortes por ano
no Brasil. Mais da metade dos pacientes que desenvolvem esse tipo de infecção
não resiste. Entre os desafios dos médicos está o de determinar o nível de
infecção e evitar doses excessivas de antibiótico. Essa é uma das principais matérias
publicadas na edição dessa sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo (27.07.2012).
Segundo aponta a reportagem, um teste rápido - o
biomarcador de procalcitonina - tem ajudado os profissionais a direcionar o
tratamento. Antes restrito à rede particular, o exame passou a ser oferecido a
pacientes do SUS em hospitais como A.C. Camargo, em São Paulo, Servidores do
Estado e Hospital Central da Aeronáutica, ambos no Rio. A procalcitonina (PCT)
é uma substância encontrada em baixas concentrações em pessoas saudáveis.
Durante grave infecção bacteriana, o organismo a libera em grande quantidade. O
tratamento é feito com antibiótico.
"Não existem dados exatos que indiquem por quantos
dias deve se dar o medicamento para o paciente em UTI. No paciente grave, se
der antibiótico em quantidade insuficiente, ele não vai se curar totalmente. Se
der muito, há o risco de se criar uma bactéria resistente a antibiótico, o que
no ambiente de UTI pode ser catastrófico", explica o médico intensivista
Rodrigo Deliberato, do Hospital Albert Einstein, ao “O Estado de São Paulo”, ele que defende, no fim do ano, tese de
doutorado sobre o uso da PCT em pacientes com sepse.
Ao dosar a PCT, o médico consegue avaliar a
gravidade da infecção e se o paciente está reagindo ao tratamento. Também pode
indicar a necessidade de troca do remédio. No trabalho que apresentará,
Deliberato estudou 80 pacientes. "É seguro usar como guia para suspender o
antibiótico sem piorar o desfecho clínico, com possível benefício na questão de
redução do custo." Outro teste tem facilitado o diagnóstico rápido do
micro-organismo que provocou a infecção, o Septifast. Esse exame detecta o DNA
de bactérias e fungos e dá o resultado em até seis horas - a hemocultura (exame
no sangue para isolar e identificar os micro-organismos) pode levar de 24 horas
a 72 horas.
Hoje, somente o Einstein, em São Paulo, o
Laboratório Richet, no Rio, e o Hospital Regional (MS) oferecem o exame. "A
cada hora que o paciente não é tratado ou é tratado de forma errada, aumenta em
8% o índice de mortalidade. Esse teste detecta o material genético de 25
bactérias e fungos, que respondem por 90% dos casos de sepse", afirma o
patologista Hélio Torres Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica e diretor médico do Richet ao “O
Estado de São Paulo”.
Sintomas.
Ao contrário de outras doenças, a sepse não tem
sintomas específicos. "A principal ferramenta para o tratamento é o médico
e a equipe multiprofissional pensarem nos sinais de alerta: febre, alteração no
estado de consciência e frequência cardíaca e respiratória altas", afirma
Reinaldo Salomão, presidente do Instituto Latino Americano para Estudo da Sepse
(Ilas) e professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), ao jornal paulista.
Um estudo do Ilas aponta que os pacientes atendidos em pronto-socorro são mais
diagnosticados com sepse que aqueles internados em UTI. "O pronto-socorro
é porta de entrada do hospital. Muitas vezes o paciente desenvolveu a sepse em
casa. É importante o ficar atento a alterações do paciente. Pessoas idosas
podem ficar mais confusas ou mais sonolentas. A família acha que o avô está
mais sossegado e demora em perceber que é um sintoma grave de disfunção
orgânica", alerta Salomão.
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