Artigo - A morte da lenda do boxe, Muhammad Ali, aos 74 anos.
Roberto Ramalho é jornalista e colunista do Portal RP-Bahia
O ex-pugilista Muhammad Ali, que se converteu ao islamismo para poder não lutar na guerra do Vietnã - ele chamava-se Cassius Clay, nome ocidental -, estava internado com graves problemas respiratórios.
Muhammad Ali era considerado o maior boxeador em todos os tempos e também se destacou pelo ativismo político.
O ex-pugilista Muhammad Ali morreu aos 74 anos no Arizona, nos Estados Unidos. Ele havia sido hospitalizado com problemas respiratórios e o quadro se agravou nesta sexta-feira.
O ex-atleta foi diagnosticado com Mal de Parkinson no início dos anos 1980. Segundo os médicos, a doença poderia ter sido provocada pelas inúmras pancadas recebidas em face do esporte que praticava.
Hoje sabe-se que muitas dessas doenças degenerativas são provocadas por pancadas recebidas na cabeça, o que causará danos irreversíveis no futuro.
Muhammad Ali se destacou pela atuação política, combatendo o racismo, defendendo o islamismo e se recusando a lutar na Guerra do Vietnã na década de 1960. Daí a razão dele ter se convertido a religião.
Sobre esse assunto assim está descrito parte da história do pugilista em www.acervo.oglobo.globo.com: "A estrela de Ali, nascido a 17 de janeiro de 1942 em Louisville, no estado de Kentucky, começou a brilhar no boxe uma década antes da Luta do Século. "Eu odeio esse urso velho, grande e feio." O desafio de Cassius Marcellus Clay ao ex-presidiário e campeão dos pesos-pesados Sonny Liston já indicava as provocações que se tornaram marca registrada da era do boxe espetáculo. Aos 22 anos, em 25 de fevereiro de 1964, Clay desafiava um oponente experiente, maior e mais forte, mas menos ágil e menos inteligente. A maioria dos quase 9 mil espectadores duvidava que Clay passasse do primeiro round e se espantou quando o veloz e fulminante soco do desafiante derrubou Liston no sexto round. Liston era o franco favorito por sete contra um na bolsa de apostas, e o vitorioso Clay foi à forra: "Agora comam suas palavras. Ajoelhem-se diante de mim".
Ainda segundo o acervo do jornal O Globo, em outubro de 1960, quando estreou como profissional, Clay acabara de conquistar a medalha de ouro nas Olimpíadas de Roma. Em 61 lutas profissionais, perdeu apenas cinco, tendo vencido 37 por nocaute. No mesmo ano do primeiro título mundial, Clay anunciou sua conversão ao islamismo e mudou o nome para Muhammad Ali. Três anos depois, em 1967, foi proibido de lutar e teve seus títulos anulados por se recusar a servir o Exército. A Suprema Corte anulou as punições em 1970, mas Ali perdeu a primeira tentativa de reconquistar a faixa para Joe Frazier e dobrou-se ante Ken Norton, em 73. Em 1974, arrasou Frazier e recuperou o título contra George Foreman.
O tricampeão mundial (1964-74-78) Muhammad Ali acabou encontrando seu maior adversário no Mal de Parkinson, doença que se manifestou desde 1982, talvez agravada pelos sucessivos golpes sofridos ao longo da carreira.
E segue O Globo: "Duas décadas depois da derrota para Ali, Foreman deu a volta por cima e reconquistou o tão sonhado cinturão dos pesos-pesados. Hoje conhecido pelos jovens mais como o símbolo de uma marca de churrasqueiras com seu nome, o boxeador apareceu para o mundo do esporte nas Olimpíadas do México, em 1968, onde se sagrou campeão. Após ganhar o título mundial derrotando Frazier em 1973, para depois perdê-lo para Ali no ano seguinte, em Kinshasa, em 1977 ele parou com o boxe e decidiu se dedicar às atividades de pastor em Houston, no Texas. Dez anos mais tarde, pobre, por ter perdido todo o dinheiro ganho nos ringues em projetos de sua igreja, ele voltou ao boxe. Em 1994, Foreman venceu Michael Moorer para se tornar, aos 45 anos, o mais velho campeão mundial da história. Desde 1997, quando novamente parou, trabalha como pastor e garoto-propaganda".
Trajetória de vitórias e títulos
Nos ringues, ele acumulou 56 vitórias em sessenta e uma lutas, sendo 37 delas por nocaute.
Na Luta do Século, em 1974, Muhammad Ali (Cassius Clay) venceu George Foreman por nocaute e a assiti aos meus 16 anos. Foi um dos maiores duelos dos peso-pesados americanos realizado num estádio com 100 mil pessoas no Zaire (atual Congo), e foi visto na época por milhões na TV e virou filme, livro e teatro. Evento teve até o empresário B.B. King e o magnífico cantor se Soul Music James Brown.
Ganhou os títulos Mundial dos Pesos-Pesados da The Ring, da WBA e da WBC derrotando Sonny Liston, por nocaute técnico, mas foi despojado do título da WBA em 19.06.1964.
Mantém os títulos Mundial dos Pesos-Pesados da The Ring e da WBC derrotando novamente em 25 de maio de 1965, Sonny Liston e mantém os títulos Mundial dos Pesos-Pesados da The Ring e da WBC.
Seus maiores adversários foram Joe Frazier que o derrotou em 8 de março de 1971, tirando o seu título. Na revanche em 1974, com decisão (unânime), em 28 de janeiro de 1974, aos 32 anos, Ali derrota Joe Frazier, nos Estados Unidos Nova Iorque, NY, e mantém o título Mundial dos Pesos-Pesados da NABF, título vago mais tarde, em 1974.
Perguntado sobre o seu maior oponente, assim se expressou George Foreman: 'A melhor parte de mim se foi'.
Em sua autobiografia, publicada em 1996, Joe Frazier, morto em 2011, descreve Muhammad Ali como um egocêntrico egoísta e ingrato. "Smokin" Joe foi frequentemente caracterizado por Ali, na época em que ainda lutavam, como um "Pai Tomás", um negro subserviente aos brancos, citando diversos deles como afirma no texto de sua obra abaixo:
"[Na adolescência] passava suas tardes na propriedade de um milionário branco, treinando e ocasionalmente limpando sua piscina. Como profissional, teve tudo facilitado. Um branco trabalhava em seu corner [Angelo Dundee], um grupo de milionários o financiou e um advogado branco o manteve fora da prisão [por ter se recusado a ir para o Vietnã]".
O ex-boxeador Muhammad Ali morreu por causa de um choque séptico, devido a infecção generalizada, afirmou um porta-voz da família neste sábado (04.06) em entrevista coletiva. Seu coração ainda bateu por meia-hora antes de falecer.
O funeral de Ali para o público será na próxima sexta-feira, em Louisville, cidade natal do esportista, em Kentucky. A família terá uma cerimônia privada, um dia antes.
Mundialmente famoso pelas suas posições a favor dos mais pobres e desfavorecidos, Ali foi aclamado e reverenciado por centenas de políticos - entre eles o presidente Barack Obama -, o esportista Pelé, maior jogador de futebol e goleador de todos os tempos, cantores renomados como Paul McCartney e líderes mundiais.