MAIORIA
DOS SERVIDORES PÚBLICOS NO SENADO E NA CÂMARA DOS DEPUTADOS GANHAM ACIMA DE R$
20 MIL
Manchete
e edição do Jornalista Roberto Ramalho, com Correio Braziliense – 10.09.2012
Maioria dos servidores do Congresso ganha R$ 20 mil
ou mais. No Senado, porcentagem de pessoas nessa faixa de renda chega a 84,7%. Os
dados não estão totalmente ao alcance do contribuinte, como manda a Lei de
Acesso à Informação. Mas um levantamento detalhado do Correio, com base no que
está disponível nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado, revela uma
radiografia dos salários mais altos da República. Mesmo com rendimentos
iniciais de R$ 6,7 mil (Câmara) e R$ 13,9 mil (Senado), a maioria dos seus
servidores tem renda bruta de R$ 20 mil ou mais. No Senado, essa proporção
chega a 84,7%. Na Câmara, a 63,6%.
De acordo com o Correio Braziliense, o detalhamento da folha de pessoal do Senado
revela ainda que, entre os técnicos legislativos, cargo para o qual se exige
apenas o ensino médio, 83% estão nessa faixa salarial. Entre eles, há os
técnicos de informática, operadores de câmera e antigos motoristas e seguranças
que foram reenquadrados como policiais legislativos. Com salário inicial de R$
18,5 mil, apenas 15% dos analistas legislativos (de nível superior) — os que
ingressaram em 2010 e em 2011 — estão na margem a partir desse valor até R$
19,9 mil. Quase o que ganham, por exemplo, juízes de tribunais estaduais, R$
21,7 mil, e de federais, R$ 22,7 mil. Apenas 6,1% dos técnicos do Senado têm
salário entre R$ 13,9 mil (remuneração inicial da carreira) e R$ 17,9 mil
Segundo ainda apurou o Correio Braziliense, os 64 auxiliares legislativos remanescentes,
que ingressaram apenas com o ensino fundamental para servir cafezinho, fazer
limpeza e operar máquinas de tirar cópias, têm proventos entre R$ 17,2 mil e R$
27 mil. Hoje, todos estão lotados na gráfica do Senado. Mais de um terço dos
servidores da Casa, 36,7%, recebem mais que um ministro do Supremo Tribunal
Federal, que é o teto constitucional. Entre os 1.109 funcionários desse seleto
grupo, estão dois antigos auxiliares legislativos e 285 técnicos. Há ainda 680
analistas, 123 advogados e 157 consultores. Todos esses quantitativos são
maiores porque boa parte recebe também adicional de especialização por ter
curso de graduação (caso dos auxiliares e dos técnicos), pós-graduação ou mesmo
mestrado e doutorado. Em julho, o Senado também fez diversos pagamentos em
folha suplementar, que não foram incluídos no levantamento do Correio pela
dificuldade de identificar a quem pertencem. Além desses valores brutos, os
servidores do Legislativo recebem auxílio-alimentação líquido de R$ 740, que é
creditado em dinheiro na conta.
Câmara
Segundo o Correio
Braziliense, embora costume alegar que paga remunerações menores que as do
Senado, a Câmara não fica muito atrás. Lá, 23% dos funcionários — 780 pessoas —
ganham acima do teto do funcionalismo. Quase dois terços do quadro de pessoal
efetivo têm contracheque de R$ 20 mil ou mais. Apenas 7,3% dos técnicos (de
nível médio) estão com vencimentos totais entre R$ 6,7 mil, que é o piso desse
cargo na Casa, e os R$ 13,9 mil, que correspondem ao menor salário inicial
vigente no vizinho Senado. Outros 20% embolsam bruto por mês entre R$ 16 mil e
R$ 19,9 mil. Isso se deve ao fato de a categoria ter tido reajuste em julho. No
Executivo, que tem 1,05 milhão de servidores ativos, entre civis e militares,
são 456 os que com renda acima do teto constitucional de R$ 26.723,13 — ou
0,04% do total. Com uma diferença: no Executivo e no Judiciário, nenhum deles
recebe mais que esse valor, pois sofre o abate-teto, que corta a parcela de toda
a remuneração acima do topo legal.
Segundo ainda apurou a reportagem do Correio Braziliense, num trabalho
minucioso, os funcionários da Câmara e do Senado, por sua vez, conseguiram
liminar no Tribunal Regional Federal da 1º Região que deixa de fora do cálculo
do teto as gratificações por cargos comissionados. Um analista, por exemplo,
que tem rendimento básico de R$ 22.727, vantagens pessoais de R$ 8.758 e
gratificação de função de R$ 3.194 consegue manter o salário bruto em R$
29.917, e não nos R$ 26,7 mil, como ocorre com os trabalhadores dos outros
Poderes. A exceção no Executivo são os ministros e alguns servidores que
embolsam remuneração extra — os chamados jetons — por participação em conselhos
de empresas em que a União tem algum tipo de participação. Por decisão do
governo, o jetom não entra no cálculo do teto. Os ministros do STF também
decidiram que a renda que alguns recebem por dar aula em universidades públicas
não é computada no limite.
Regulamentação
Ao Correio
Braziliense, o Senado afirmou que a forma de publicação da remuneração dos
servidores, que não inclui a soma de todas as verbas que compõem o salário do
mês, foi definida pelo Ato nº 10 de 2012, do Primeiro-Secretário, o senador
Cícero Lucena (PSDB-PB). A determinação incluía a divulgação dos nomes dos
funcionários, mas foi suspensa por ordem judicial. "Todos os demais dados
são públicos e estão divulgados em dois formatos — texto e planilha —, o que
facilita a leitura e viabiliza a pesquisa e a realização de quaisquer cálculos
pretendidos", diz a nota da assessoria de comunicação da Casa, destacando
que o Senado foi "pioneiro na divulgação dessas informações em formato de
dados abertos". Já a Câmara alegou que a Lei de Acesso à Informação não
faz referência à divulgação de salários. Assim, afirmou, "cada órgão fez
sua regulamentação interna". No caso da Câmara, foi determinada por meio
do Ato da Mesa 45/2012.
» Nomes
divulgados
O Senado será obrigado a divulgar
os nomes dos servidores na internet. O presidente do Tribunal Regional Federal
da 1º Região, Mário César Ribeiro, suspendeu a liminar da 7ª Vara Federal em
Brasília, que havia permitido a omissão dos nomes dos funcionários na
publicação da lista de salários. A liminar foi concedida a pedido do Sindicato
dos Servidores do Poder Legislativo Federal (Sindlegis). A Advocacia-Geral da
União recorreu. Falta agora a decisão do TRF para a Câmara, que deverá ser no
mesmo sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário