Papa Francisco pede uma
Igreja mais próxima do povo e diz que homossexuais não devem ser discriminados
Jornalista Roberto
Ramalho
O Papa Francisco defendeu uma igreja mais próxima
como melhor remédio contra a perda de fiéis no Brasil, sobretudo diante do avanço das
denominações evangélicas.
Em entrevista transmitida pelo programa "Fantástico",
da Rede Globo de Televisão, o pontífice afirmou que a Igreja Católica precisa
ser como uma mãe que "dá carinho, beija, toca, ama".
De acordo com o Sumo Pontífice, quando a
igreja, "ocupada com mil coisas [...], só se comunica com
documentos", age "como uma mãe que se comunica com o filho por
carta". "Nem você nem eu conhecemos nenhuma mãe por correspondência”,
disse.
O pontífice estava sendo questionado
especificamente sobre a perda de fiéis para as igrejas evangélicas. Francisco
reforçou, contudo, não conhecer "a vida no Brasil para dar respostas"
e que "não saberia explicar esse fenômeno (a perda de fiéis)".
Preferiu usar um exemplo da terra natal e contou a
história de uma fiel argentina que, numa região "há 20 anos sem
sacerdote", começou a "ter raiva" da Igreja Católica e a
frequentar cultos evangélicos. Francisco disse que a mesma mulher, ainda assim,
escondia uma imagem da Virgem Maria no armário, longe dos olhos do pastor.
Francisco também explicou a atitude
que toma em relação a sua segurança.
“Eu não sinto medo. Sei que ninguém
morre de véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será. Eu não poderia
vir ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de uma caixa de
vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas
ambas sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto.”
A entrevista foi concedida com exclusividade ao
jornalista Gerson Camarotti, que já escreveu um livro sobre o papa, tendo
acertado quem seria o escolhido para o pontificado.
E numa das mais longas entrevistas já
concedidas por um Papa (uma hora e 20 minutos), sem perguntas pré-selecionadas,
o Pontífice Francisco fez declarações surpreendentes que deixaram os vaticanistas
(jornalistas especializados sobre o Vaticano) boquiabertos.
De pé na classe econômica, no voo de
retorno a Roma, indiferente às turbulências que chacoalhavam o avião, ele
defendeu veementemente os homossexuais, afirmando que “eles não devem ser
discriminados e devem ser integrados na sociedade”.
Ironizou ainda quem diz que tem gay no
Vaticano, dizendo que esse não é o problema e que ainda não viu ninguém com
“carteira” se identificando como tal. E perguntou: “se uma pessoa é gay,
procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la?”.
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