Artigo – A luta da Sociedade Brasileira de Hansenologia por um tratamento mais eficaz e eficiente contra a Hanseníase e a manifestação contrária do Ministério da Saúde comandado por um ministro negacionista e desumano. Roberto Ramalho é advogado, jornalista e servidor da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. www.ditoconceito.blogspot.com.br
Mais uma doença que estava praticamente erradicada em nosso País voltou com força total, atingindo milhares de pessoas.
A Sociedade Brasileira de Hansenologia iniciou uma campanha para que pessoas que tenham manchas estranhas no corpo, como manchas brancas e manchas e caroços vermelhas no corpo, formigamento e fisgadas nos braços e pernas, entupimento, sangramento, feridas e ressecamento do nariz, devem procurar imediatamente um Posto de Saúde ou uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hansenologia, “o Ministério da Saúde surpreende novamente com a tentativa de proibição de qualquer extensão de tratamento para os pacientes de hanseníase, independente da gravidade do quadro, o que deve ser veementemente refutado pelas sociedades médicas e científicas, além dos movimentos sociais”, diz Salgado.
De acordo com matéria publicada no portal da SBH, nova consulta pública do Ministério da Saúde pela Conitec-Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS quer limitar o tempo de tratamento para pacientes em estágio mais avançado de hanseníase. A consulta se encerrou nesta quarta-feira, 12 de janeiro.
Segundo ainda a matéria, a SBH-Sociedade Brasileira de Hansenologia apresentará manifesto técnico rejeitando a proposta do Governo. O documento proposto pela SBH apresentará parecer técnico contrário, justificando a objeção ao Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) proposto para a hanseníase. Um dos pontos mais deletérios presentes no documento, e que atinge frontalmente as pessoas atingidas pela hanseníase e os médicos assistentes, é a proibição de dar continuidade ao tratamento por mais de 12 meses a qualquer paciente. São muitos os exemplos, mundo afora, de programas que conseguiram controlar a hanseníase utilizando como uma das ferramentas o tempo prolongado de tratamento para pacientes “bacilíferos”, ou seja, que possuem muitos bacilos e que apresentam alta chance de recidiva e um alto potencial de disseminação da doença na comunidade.“O encurtamento do tratamento justamente para as pessoas em estágio avançado de hanseníase agrava o risco de complicações do quadro geral da saúde e aumenta consideravelmente o risco de sequelas”, alerta Claudio Salgado, dermatologista, hansenólogo e presidente da SBH.
Alerta o presidente da SBH: “Temos alertado autoridades que os 12 meses de tratamento são insuficientes para uma parte dos pacientes, que precisam de 24 meses ou mais. Além disso, temos estudos que apontam cepas resistentes no Brasil e índices preocupantes de falência de tratamento e recidivas"
Segundo o texto jornalístico, na primeira consulta pública, em dezembro de 2018, o Ministério da Saúde queria implantar o MDT-U, Multidrogaterapia – esquema Único, tanto para pacientes paucibacilares como para os multibacilares. O MDT-U visava a tratar todos os pacientes com o mesmo esquema, por apenas 6 meses. O modelo de tratamento foi rejeitado. A SBH apresentou, em várias audiências públicas, as evidências científicas de falência de tratamento, recidiva e cepas resistentes às drogas atuais. Em setembro de 2021, a SBH e outras sociedades médicas foram surpreendidas com o convite para participar de uma nova reunião com a finalidade de reavaliar a possibilidade de implantação do MDT-U. Novamente, conjuntamente, a SBH, a SBI-Sociedade Brasileira de Infectologia, a SBCM-Sociedade Brasileira de Clínica Médica, a ABN-Academia Brasileira de Neurologia, a SBMFC- Sociedade Brasileira De Medicina De Família E Comunidade e o CONASS- Conselho Nacional de Secretários de Saúde se manifestaram fortemente contrários a qualquer nova discussão do tema, que consideram esgotado. Em outra reunião, no dia 4 de outubro de 2021, as entidades leram um manifesto e entregaram documento conjunto. Em seguida, retiraram-se por entender que não havia razão para discutir novamente o tema.
A SBH tem mobilizado sociedades médicas brasileiras e estrangeiras para evitar a proibição do tratamento mais prolongado até a cura do paciente.
A hanseníase é tratada com um coquetel de antibióticos conhecido como PQT-Poliquimioterapia, doado ao Brasil pela OMS. Não faltam medicamentos no país, mas os antibióticos para a doença já são usados há 40 anos, produzindo cepas resistentes. O Brasil tem tecnologia e condições de fabricar novas drogas para a hanseníase e a SBH defende que o Ministério da Saúde concentre esforços em produzir drogas mais modernas em território nacional.
O Ministério da Saúde tem alertado o aumento muito grande de casos de Hanseníase desde 2016. Os dados revelam que, no ano de 2018, 28.657 pessoas receberam o diagnóstico da doença. Em 2016, esse número foi de 25.214 - crescimento de 14% em 2 anos, após mais de uma década de queda. Os estados com mais casos são Mato Grosso, Rondônia, Paraíba, Rio de Janeiro, Alagoas, Rio Grande do Norte e Roraima.
No entanto, mais uma vez está imperando o negacionismo do governo Bolsonaro por meio do Ministério da Saúde e seus órgãos de consulta, sobretudo o Conitec-Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.
São médicos que se comportam de maneira antiética, desumana, covarde, não fazendo sentido ir de encontro ao que prega e propõe a Sociedade Brasileira de Hansenologia.
A SBH tem por objetivo com essa proposição salvar vidas. Ao contrário do Ministério da Saúde, cujo ministro Marcelo Queiroga e seu chefe - presidente da República - se comportam como negacionistas, ou seja, contrários à Ciência, e que agem com maldade, prepotência, causando e gerando problemas gravíssimos aqueles que precisam e necessitam desse moderno tratamento.
A bactéria que causa a hanseníase é transmitida pelas vias aéreas por pessoas infectadas e não tratadas. O período de incubação varia de 6 meses a 7 anos e é bastante infecciosa. Os principais sintomas são: manchas brancas e manchas e caroços vermelhas no corpo, formigamento e fisgadas nos braços e pernas, entupimento, sangramento, feridas e ressecamento do nariz. A Hanseníase está muito associada à pobreza, mas vem atingindo, também, pessoas das classes média e da grande burguesia, só que em número quase insignificante.
Que só resta a Sociedade Brasileira Hansenologia judicializar o assunto. Ajam imediatamente!
Referência:
Ministério da Saúde.
Sociedade Brasileira de Hansenologia.
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