Artigo:
A guerra civil no Iraque e a ameaça dos insurgentes sunitas ao país
Roberto
Ramalho é jornalista, blogueiro e pesquisador
O que está acontecendo atualmente no Iraque já era
previsível, sobretudo pelas potências ocidentais.
O surpreendente avanço do EIIL, tomando cidades
importantes do Iraque, sem nenhuma resistência por parte da forças iraquianas, que
busca construir um Estado islâmico baseado em princípios medievais sunitas na
Síria e no Iraque, é a maior e a mais grande ameaça ao Iraque desde que as
tropas dos EUA deixaram o país em 2011.
Estima-se que meio milhão de pessoas deixou suas
casas com medo de que os militantes tomassem as principais cidades do vale do
Tigre ao norte de Bagdá.
Também, forças de segurança da região autônoma
curda, no norte do país, fortemente armados, conhecidos como peshmerga, tomaram as
bases em Kirkuk abandonadas pelo Exército, segundo um porta-voz.
Toda Kirkuk caiu nas mãos dos peshmergas, disse o
porta-voz peshmerga Jabbar Yawar. “Não há remanescentes do Exército iraquiano
em Kirkuk agora”, afirmou.
Há tempos os curdos sonhavam em tomar Kirkuk e suas
amplas reservas de petróleo e agora conseguiram.
A população curda considera a cidade, próxima de
sua região autônoma, como sua capital histórica, e unidades peshmerga já
estavam presentes, segundo observadores e especialistas internacionais em um
inquietante equilíbrio de forças com o governo.
Desde o início da semana, combatentes do EILL, que
não reconhecem as fronteiras modernas da região, tomaram o controle das
importantíssimas cidades de Mosul e Tikrit, cidade natal do ex-ditador Saddam
Hussein, e também outras cidades ao norte de Bagdá.
Recentemente,
os islamitas sunitas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS, na sigla em
inglês) ocuparam Saadiya e Jalawla na província de Diyala.
Simplesmente,
sem tomar nenhuma reação, as forças de segurança do governo abandonaram suas
bases na região.
O
ISIS já havia ocupado anteriormente as cidades de Mosul e Tikrit. Analistas
internacionais temem que os insurgentes islamitas sunitas estejam se deslocando
rumo ao sul, em direção a Bagdá – o que de fato já está acontecendo - e outras
áreas controladas pela maioria xiita, que os militantes sunitas enxergam como
'infieis'.
Segundo
o editor da BBC para Oriente Médio, Jeremy Bowen, o avanço dos insurgentes
sunitas no Iraque pode ter grande impacto, com potencial de redesenhar as
fronteiras na região.
De
acordo com Jeremy Bowen os grupos podem almejar a criação de um emirado islamita
na região, unindo partes do Iraque e da Síria que estão sob seu comando.
Tudo
leva a crer que a ascensão do ISIS poderá provocar um conflito tanto com o
governo xiita do premiê iraquiano, Nouri Maliki, quanto com o Irã, país também
governado por uma maioria xiita.
O
governo dos Estados Unidos disse estar considerando 'todas as opções' contra os
insurgentes sunitas - sem descartar a possibilidade de envio de tropas ao
Iraque.
Até
o Irã, ofereceu ajuda aos EUA, segundo uma fonte daquele país que não quis se
identificar.
E
é isso que vai terminar acontecendo: finalmente EUA e Irã estarão juntos para
salvar o Iraque e o Oriente Médio das ameaças dos insurgentes sunitas e do
ISIS.
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