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quarta-feira, 21 de maio de 2014



Polícia Civil de São Paulo conclui que foi o menino Marcelo Pesseghini, de 13 anos, quem assassinou toda a família e depois se suicidou. Médico-legista George Sanguinetti contesta versão

Jornalista Roberto Ramalho

Passados nove meses da morte de cinco pessoas da família Pesseghini, a Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito sobre os crimes ocorridos em 5 de agosto de 2013, no bairro de Brasilândia, na zona norte da capital.

Segundo o relatório final da investigação chefiada pelo delegado Charlie Wei Ming Wang consta que foi o estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos, o autor dos assassinatos do pai, Luís Marcelo Pesseghini, 40, sargento da Rota (tropa de elite da Polícia Militar); a mãe, Andréia Bovo Pesseghini, 36, cabo da PM; a avó Benedita Bovo, 67; e a tia-avó Bernadete Bovo, 55, tendo, depois, praticado o suicídio.

O inquérito foi enviado na última sexta-feira (16) ao Ministério Público estadual, que recebeu os nove volumes, com mais de 2.000 páginas, na última segunda-feira (19). 

Segundo a imprensa que acompanha o caso, desde o dia seguinte ao acontecimento que a polícia já apresentava como principal linha de investigação a possibilidade de o menino ter matado a tiros a família e se suicidado em seguida. Parentes, porém, questionam essa hipótese, inclusive o médico alagoano, Dr. George Sanguinetti, que através de sua página no Facebook, contesta o laudo e o relatório.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a investigação só foi encerrada agora porque a polícia estava à espera de esclarecimentos do IC (Instituto de Criminalística) sobre parecer médico-legal independente que contesta a tese da polícia.

O documento encaminhado em fevereiro ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público é assinado pelo médico-legista George Sanguinetti, que ficou nacionalmente conhecido após causar reviravolta ao defender a tese de duplo assassinato do ex-tesoureiro Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, ocorrido em 1996, em Maceió.

O promotor de Justiça Daniel Tosta, do 2º Tribunal do Júri de Santana, terá 15 dias para analisar o inquérito e decidir se requisita novas diligências à polícia ou pede arquivamento do caso. 

Em seu parecer o médico George Sanguinetti afirma que marcas na mão e no braço do menino seriam "lesões de defesa, indicativas que a criança, antes de ser executada, tentou defender-se". O texto afirma, ainda, que, pela posição que o corpo de Marcelo foi encontrado, é improvável que ele tenha se matado.

A advogada dos avós paternos do garoto, Roselle Soglio, classificou a conclusão da polícia como uma "aberração". Disse ela: "Não foram investigadas todas as linhas de possibilidades de quem teria praticado o crime. A única linha que foi investigada foi a de que Marcelo é culpado", concluiu a advogada.

Um laudo elaborado pelo psiquiatra forense Guido Palomba, que sequer conheceu o menino pessoalmente, apontou como motivação para o crime a "psicopatologia" (transtorno mental) que ele possuía e indicou que o adolescente planejava havia ao menos cinco meses matar os pais.

Em agosto do ano passado, o médico legista Sanguinetti já havia afirmado, em entrevista ao site UOL, que o filho do casal de policiais foi assassinado junto com os pais.

Na época do crime, o comandante do 18º Batalhão da PM (onde trabalhava a mãe do adolescente), Wagner Dimas Alves Pereira, afirmou que a policial fez parte de um grupo que denunciou o envolvimento de colegas no roubo de bancos. Pouco tempo depois, o oficial desfez a sua afirmação anterior. Em depoimento à corregedoria da PM, o comandante havia afirmado que não houve nenhuma investigação no batalhão sobre esquema de roubo de caixas eletrônicos envolvendo integrantes da corporação. 

Uma semana depois, o comandante do 18º Batalhão, Wagner Pereira foi afastado das suas funções na chefia do batalhão para tratamento de saúde.


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