Polícia
Civil de São Paulo conclui que foi o menino Marcelo Pesseghini, de 13 anos,
quem assassinou toda a família e depois se suicidou. Médico-legista George Sanguinetti
contesta versão
Jornalista
Roberto Ramalho
Passados nove meses da morte de
cinco pessoas da família Pesseghini, a Polícia Civil de São Paulo concluiu o
inquérito sobre os crimes ocorridos em 5 de agosto de 2013, no bairro de Brasilândia,
na zona norte da capital.
Segundo o relatório final da
investigação chefiada pelo delegado Charlie Wei Ming Wang consta que foi o
estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos, o autor dos assassinatos do pai, Luís
Marcelo Pesseghini, 40, sargento da Rota (tropa de elite da Polícia Militar); a
mãe, Andréia Bovo Pesseghini, 36, cabo da PM; a avó Benedita Bovo, 67; e a
tia-avó Bernadete Bovo, 55, tendo, depois, praticado o suicídio.
O inquérito foi enviado na última
sexta-feira (16) ao Ministério Público estadual, que recebeu os nove volumes, com
mais de 2.000 páginas, na última segunda-feira (19).
Segundo a imprensa que acompanha
o caso, desde o dia seguinte ao acontecimento que a polícia já apresentava como principal linha de investigação
a possibilidade de o menino ter matado a tiros a família e se suicidado em
seguida. Parentes, porém, questionam essa hipótese, inclusive o médico
alagoano, Dr. George Sanguinetti, que através de sua página no Facebook,
contesta o laudo e o relatório.
De acordo com a Secretaria de
Segurança Pública, a investigação só foi encerrada agora porque a polícia
estava à espera de esclarecimentos do IC (Instituto
de Criminalística) sobre parecer médico-legal independente que contesta a tese da polícia.
O documento encaminhado em
fevereiro ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público é assinado pelo
médico-legista George Sanguinetti, que ficou nacionalmente conhecido após causar reviravolta ao defender a tese
de duplo assassinato do ex-tesoureiro Paulo César Farias e sua
namorada, Suzana Marcolino, ocorrido em 1996, em Maceió.
O promotor de Justiça Daniel
Tosta, do 2º Tribunal do Júri de Santana, terá 15 dias para analisar o
inquérito e decidir se requisita novas diligências à polícia ou pede
arquivamento do caso.
Em seu parecer o médico George
Sanguinetti afirma que marcas na mão e no braço do menino seriam "lesões
de defesa, indicativas que a criança, antes de ser executada, tentou
defender-se". O texto afirma, ainda, que, pela posição que o corpo de
Marcelo foi encontrado, é improvável que ele tenha se matado.
A advogada dos avós paternos do garoto,
Roselle Soglio, classificou a conclusão da polícia como uma "aberração".
Disse ela: "Não foram investigadas todas as linhas de possibilidades de
quem teria praticado o crime. A única linha que foi investigada foi a de que
Marcelo é culpado", concluiu a advogada.
Um laudo elaborado pelo
psiquiatra forense Guido Palomba, que sequer conheceu o menino pessoalmente,
apontou como motivação para o crime a "psicopatologia" (transtorno
mental) que ele possuía e indicou que o adolescente planejava havia ao menos cinco meses matar os pais.
Em agosto do ano passado, o
médico legista Sanguinetti já havia afirmado, em entrevista ao site UOL,
que o filho do casal de policiais
foi assassinado junto com os pais.
Na época do crime, o comandante
do 18º Batalhão da PM (onde trabalhava a mãe do adolescente), Wagner Dimas
Alves Pereira, afirmou que a policial fez parte de um grupo
que denunciou o envolvimento de colegas no roubo de bancos. Pouco
tempo depois, o oficial desfez a sua afirmação anterior. Em depoimento à
corregedoria da PM, o comandante havia afirmado que
não houve nenhuma investigação no batalhão sobre esquema de
roubo de caixas eletrônicos envolvendo integrantes da corporação.
Uma semana depois, o comandante
do 18º Batalhão, Wagner Pereira foi afastado das suas funções na chefia do batalhão
para tratamento de saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário