Artigo: Dia do jornalista - diferença entre notícia
e reportagem
Roberto Ramalho é jornalista e relações públicas, e
foi monitor da disciplina “Assessoria de Comunicação”, do Curso de Jornalismo
da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Do
ponto de vista do leitor não existe uma diferença entre o que é notícia da
reportagem.
Em
geral, os leitores entendem que se noticia o que se sabe e reporta-se e o que
se recolhe no local.
Assim
sendo, a noção de reportagem estaria restrita à colheita imediata, no local do
acontecimento, das informações necessárias à posterior redação da notícia. Porém,
a reportagem, no entendimento dos leitores sairia cara. Alguém – o jornalista -
tem que se deslocar, algumas vezes fora de horas ou até a uma distância
considerável, para recolher as informações.
Assim,
se for possível recolher essas informações sem o jornalista sair da redação
pode-se escrever a notícia e poupar tempo e dinheiro. Claro que o resultado
final, com ou sem reportagem, é muito desigual.
É
evidente que para o grande público, “notícia” e “reportagem” são sinônimos:
notícia – diriam muitos leitores assíduos da grande imprensa – é a reportagem sobre
alguma coisa. Mesmo entre pessoas com algum conhecimento de comunicação, os
dois termos são às vezes usados indistintamente, como se ambos se referissem ao
mesmo gênero de texto jornalístico.
Em
algumas emissoras de rádio, como a Globo AM, por exemplo, o termo “reportagem”
chega a ser usado no encerramento de notícias, como parte da assinatura padrão.
Mesmo os profissionais de jornalismo que distinguem com clareza os dois
formatos, nem sempre se arriscam a apontar as fronteiras que separam um e
outro.
É
importante salientar que mais do que uma questão eminentemente técnica, a distinção
entre a notícia e a reportagem pode auxiliar o público a aumentar o senso
crítico em relação ao jornal, rádio ou TV que acompanha, na medida em que
permite ao leitor, ouvinte ou telespectador perceber o grau de motivação do
veículo em divulgar informações sobre determinados assuntos, e não sobre
outros.
Entre
os estudantes, uma visão mais clara pode proporcionar um aproveitamento maior
na leitura dos jornais e revistas.
Para
quem está aprendendo em sala de aula técnicas como o lead e a pirâmide
invertida, fica difícil identificá-las olhando para uma reportagem, texto em
que muitas vezes o primeiro parágrafo é descritivo, ou então parte de um
aspecto secundário como “gancho” para o assunto principal.
Características da reportagem
1. Informa
de modo mais aprofundado sobre fatos que interessam ao público a que se destina
o jornal ou revista, acrescentando opiniões e diferentes versões, de
preferência comprovadas;
2. Costuma
estabelecer conexões entre o fato central, normalmente enunciado no lead, e
fatos paralelos, por meio de citações, trechos de entrevistas, boxes
informativos, dados estatísticos, fotografias, etc.;
3. Pode
ter um caráter opinativo, questionando as causas e os efeitos dos fatos,
interpretando-os, orientando os leitores;
4. Predomínio
da função referencial da linguagem;
5. Linguagem
impessoal, objetiva, direta, de acordo com o padrão culto da língua.
Diferenças entre reportagem e notícia
Enquanto
a notícia nos diz no mesmo dia ou no seguinte se o acontecimento entrou para a
história, a reportagem nos mostra como é que isso se deu. Tomada como método de
registro, a notícia se esgota no anúncio; a reportagem, porém, só se esgota no
desdobramento, na pormenorização, no amplo relato dos fatos.
O
salto da notícia para a reportagem se dá no momento em que é preciso ir além da
notificação - em que a notícia deixa de ser sinônimo de nota - e se situa no
detalhamento, no questionamento de causa e efeito, na interpretação e no
impacto, adquirindo uma nova dimensão narrativa e ética. Porque com essa
ampliação de âmbito a reportagem atribui à notícia um conteúdo que privilegia a
versão. Se a nota é geralmente a história de uma só versão, a reportagem é por
dever e método a soma das diferentes versões de um mesmo acontecimento.
Espero
ter esclarecido a diferença entre ambos nesse dia do jornalista.
Bibliografia pesquisada:
IN: Cereja, Willian; Magalhães. Thereza. Texto e Interação. São Paulo: Atual editora, 2000.
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