Artigo: A experiência das UPP’S – Um projeto de pacificação e de interação com as comunidades
Roberto Ramalho é advogado, jornalista e blogueiro
As UPPS vieram para ficar e acredito nelas embora não resida no Rio de Janeiro. Não são elas as responsáveis pela má conduta de uns poucos policiais.
O que eu observo é que as comunidades em geral ainda não se
acostumaram com a presença ostensiva da polícia militar. Ela está lá
para o próprio bem da população. Tudo é uma questão de adaptação.
Segundo o site www.upprj.com,
a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) é uma pequena força da Polícia
Militar com atuação exclusiva em uma ou mais comunidades, numa região
urbana que tem sua área definida por lei. Cada UPP tem sua
própria sede, que pode contar com uma ou mais bases. Tem também um
oficial comandante e um corpo de oficiais, sargentos, cabos e soldados,
além de equipamentos próprios, como carros e motos.
Ainda de acordo com o referido site, do ponto de
vista de sua coordenação todas as UPP's estão sob o comando da
Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), cujo coordenador atual é o
coronel Frederico Caldas. Sob a ótica administrativa, cada UPP está
vinculada a um batalhão da Polícia Militar. Os objetivos primordiais das
UPP’s são o de trabalhar com os princípios da polícia de proximidade,
um conceito que vai além da polícia comunitária e que tem sua estratégia
fundamentada na parceria entre a população e as instituições da área de
segurança pública.
A atuação da polícia pacificadora deve ter sempre como característica
principal a manutenção do diálogo, além do respeito aos valores
culturais da comunidade, visando, sempre, a interlocução e levando ao
surgimento de novas lideranças comunitárias. O programa das UPP’s
engloba atualmente parceria entre os governos municipal, estadual e
federal, sobretudo, interagindo com diferentes atores da sociedade civil
e atuando de forma participativa. As parcerias objetivam adotar e
promover projetos nos setores educacionais, culturais, esportivos, e de
inserção social e profissional, além de outros voltados à melhoria da
infraestrutura na vida do morador local.
Em suma estão sendo realizados nas comunidades melhorias e a
reestruturação do meio urbano, por meio de convênios e parcerias
firmados entre segmentos do poder público, da iniciativa privada e do
terceiro setor.
As UPP’S foram criadas como um projeto da Secretaria Estadual de Segurança do Estado do Rio de Janeiro e que tem por finalidade instituir polícias comunitárias em favelas, sobretudo, na capital do Estado
do Rio de Janeiro, como forma de desarticular quadrilhas que
anteriormente controlavam esses territórios como se propriedade privada
das organizações criminosas, formando estados paralelos.
Antes de o projeto ter sido inaugurado em 2008, apenas a favela Tavares Bastos, entre as mais de 500 existentes na cidade, não sofria a intervenção do crime organizado, do tráfico de drogas ou da milícia.
De acordo com o Editorial de O Globo de 27.04.14, a
onda de ataques a Unidades de Polícia Pacificadora, os distúrbios e
outros problemas com os quais, nas últimas semanas, o programa
fluminense de pacificação se tem defrontado eram até certo ponto
previsíveis.
Segundo afirma ainda o Editorial do jornal carioca,
embora a política de segurança para combater a influência do crime
organizado em comunidades conflagradas do Rio tenha de imediato logrado
reduzir a níveis palatáveis os indicadores de criminalidade nas
localidades retomadas pelo Estado, seria ingenuidade atribuir às UPP's
os poderes de uma panacéia. Em primeiro lugar, porque era de se esperar
que, apesar de asfixiado num primeiro momento, o crime organizado
acabaria por reagir e tentar recuperar alguma nesga do domínio perdido.
Grosso modo, é o que está acontecendo. Em segundo, porque décadas de
virtual ausência do poder público e seus serviços resultaram no acúmulo
de contenciosos na agenda social dessas regiões, cujas respostas vão
além de intervenções policiais.
A primeira UPP foi construída no Morro Santa Marta, vindo,
posteriormente, novas unidades instaladas na Cidade de Deus, Batan, no
Morro Pavão-Pavãozinho e no Morro dos Macacos.
Recentemente forças policiais e militares da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica ocuparam o Complexo da Maré, no Rio de janeiro,
abrangendo cerca de 15 favelas Na prática, as UPP´s têm o objetivo de
tomar as áreas do tráfico de drogas e de ajudar a reconstruir o ambiente
de paz para os moradores das comunidades.
Fontes de consulta e de informação:
- Site www.upprj.com;
- Editorial do jornal O Globo, de 27.04.14.