Artigo – A Revolução dos Cravos – O 25 de abril de 1974 que libertou o povo e o país do Fascismo em Portugal e reestabeleceu a democracia. Roberto
Jorge é advogado, jornalista e Colunista do Portal RP-Bahia.
Cravos nos fuzis dos soldados
1.
Introdução
A
Revolução dos Cravos está inserida num conjunto de peculiaridades que torna
difícil uma definição.
Segundo
historiadores, cientistas políticos e especialistas militares de esquerda,
a Revolução dos Cravos foi fruto da segunda onda de movimentos de libertação
popular, marcada pela chamada descolonização, termo que os europeus usam para
designar as revoluções coloniais (ou anticoloniais).
Tudo
começou quando o movimento dos capitães verificou e observou a impossibilidade
do exército português manter o esforço de guerra contra os grupos guerrilheiros
de Angola, Guiné Bissau e Moçambique. Também o ato revolucionário que derrubou
Salazar adquiriu cores socialistas, comunistas, social-democratas e maoístas,
embora seu resultado tenha sido a implantação de uma democracia liberal.
Muitas
pessoas não sabem que a Revolução Portuguesa não nasceu em Portugal. Ela foi
produto direto das lutas de povos da chamada África Portuguesa e do desgaste a
que foi submetido o exército português naqueles três teatros de operação de
guerra (Angola, em 1961; Guiné Bissau, em 1963; Moçambique, em
1964), quando milhares de soldados e dezenas de oficiais morreram lutando para
manter as colônias conquistadas há dezenas de anos contra povos e etnias
que não aceitavam a dominação europeia.
Tais
lutas estavam imersas num contexto internacional marcado pela Conferencia de
Bandung (1955); construção da ideia de um Terceiro Mundo; Revolução Cubana;
Guerra da Argélia; a campanha pela liberdade de Djamila Bouhired; o livro Os
Condenados da Terra de Franz Fanon; os filmes de Pontecorvo (Batalha de Argel
e, para nosso caso, especialmente Queimada, cujo protagonista vivido por Marlon
Brando, faz referências ao banco português Espírito Santo e aos métodos de
guerra de extermínio norte-americanos no Vietnã.
2.
Como foi a Revolução dos Cravos?
O dia 25 de abril marca um dos eventos mais
importantes da história de Portugal, que ocorreu em 1974. Conhecido como
Revolução dos Cravos ou Revolução de 25 de Abril, o
movimento eclodiu a partir do profundo descontentamento com o regime ditatorial
do Estado Novo vigente desde 1933 cujo mandatário António de Oliveira Salazar governou o estado português até 1968 quando faleceu. A Revolução
dos Cravos ou a Revolta dos Cravos foi um movimento
cívico-militar que derrubou Marcelo Caetano, sucessor de Antonio Salazar, em 25
de abril de 1974 em Portugal.
Ao saber que os militares pretendiam
restabelecer a democracia e pôr fim à guerra colonial, os portugueses
começaram a dar cravos aos soldados, que os colocavam na ponta dos seus fuzis,
o que dá nome à revolução. Por ter acontecido sem derramamento de sangue, o
levante teve grande adesão popular o que facilitou ainda mais a deposição
do ditador Marcelo Caetano presidente do Conselho de Ministros. Foram 41 anos de arbítrio, assassinatos, torturas e
censura como na ditadura imposta pelo golpe militar de 1964 no Brasil.
3. Qual o objetivo da Revolução dos Cravos?
A Revolução dos Cravos teve dois principais
objetivos: o desejo pelo fim da ditadura, que já assolava o país há
décadas, e o desejo pelo fim das guerras coloniais na África, que duravam 13
anos e eram motivo de descontentamento das Forças Armadas. A Revolução
aconteceu em 25 de abril de 1974 e foi denominada também como Revolução dos
Cravos, Revolução de Abril ou apenas por 25 de Abril, referindo-se a um evento
da história de Portugal resultante do movimento político e social, ocorrido
nesta data que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e
que iniciou a queda da ditadora Salazarista, um Fascista que foi amigo de
Benito Mussolini, ditador na Itália, de Adolf Hitler, ditador na
Alemanha, e de Francisco Franco, ditador na Espanha. Com a morte de Salazar,
em 1968, Marcelo Caetano, que já havia desempenhado várias funções no poder
público, assumiu o Executivo. Na década de 1970, o enfraquecimento do governo
abriu espaço para a organização de um movimento de oposição dentro das Forças
Armadas de Portugal. Em 25 de abril de 1974, os rebelados foram convocados às
ruas por meio da transmissão da música Grândola,
Vila Morena, de José Afonso, proibida pelo regime autoritário.
Com a queda do governo, Marcelo Caetano fugiu para o Brasil onde vivíamos sob um
Regime militar de natureza fascista.
4.
O que aconteceu na África com a Revolução dos Cravos? Por que a Revolução dos Cravos em Portugal foi importante para a
independência de países africanos? O que aconteceu depois da Revolução dos
Cravos? Quais foram as consequências?
A principal
consequência da Revolução dos Cravos foi o fim da ditadura salazarista,
encerrando um período de 40 anos de governo autoritário em Portugal. Também
ocorreu a independência das antigas colônias portuguesas Angola, Guiné Bissau e
Moçambique.
Os países africanos
passaram por processos de independência e uma nova Constituição entrou em vigor
em Portugal. A Revolução dos Cravos também teve grande impacto na cultura do
país, com a derrocada do moralismo rígido da ditadura.
5. Quem
governava Portugal na Revolução dos Cravos?
O Partido Socialista, com Mário Soares, assumiu um
governo minoritário. A crise econômica o levou a sua renúncia em 1978. Entre
1979 e 1980, o país teve cinco primeiros-ministros. Em 1985, o governo foi
assumido por Aníbal Cavaco Silva e Mário Soares tornou-se presidente no ano
seguinte.
6. Como terminou a Revolução dos Cravos?
O processo revolucionário se encerrou com a
aprovação da Constituição de 1976 e a eleição do general Antônio Ramalho Eanes um
dos líderes da Revolução dos Cravos que libertou o povo português do fascismo.
7. Conclusão
Neste 25 de abril celebra-se os 50 anos da Revolução dos
Cravos. Em 1974, finalmente Portugal se libertava da ditadura salazarista, um
Regime Político totalitário de extrema-direita.
Em homenagem à data, destacamos a faixa 'Tanto Mar' (1978),
música composta por Chico Buarque, em referência à revolução. 'Ela foi proibida
no Brasil em face da ditadura militar que ainda vigorava em nosso país e a
censura não permitia. O nome é metafórico. Significa, em outras palavras, não
ser só mar, oceano, que separa o Brasil de Portugal; é Portugal se libertando e
o Brasil afundado em uma ditadura Fascista.
Nas eleições gerais desse ano de 2024, um partido político de
extrema-direita, o “Chega”, fez uma das maiores bancadas de Portugal
elegendo 50 deputados. O partido vencedor foi o Partido Social Democrata (PSD)
de centro-direita, elegendo 80 deputados e o segundo mais votado foi o
partido socialista com 78 deputados.
Hoje Portugal é governado pelo primeiro-ministro do PSD. Porém, ainda não tem maioria na Assembleia se
negando a compor com o partido de extrema-direita CHEGA. Até o momento
faz acordos com o Partido Socialista que governou o país há oito anos e
outros partidos políticos menores.
O atual titular do posto é, desde 2 de abril de 2024, Luís
Montenegro, 119.º chefe de governo de Portugal, 19.º chefe de governo e 18.º
Primeiro-Ministro desde o 25 de Abril, e 15.º Primeiro-Ministro constitucional.
Luís Montenegro chefia o XXIV Governo Constitucional.
E hoje o povo português comemorou efusivamente a data em
Portugal.
Fontes de Pesquisas
Rede de Rádio, TV e internet RTP internacional de Portugal.
Rede de Rádio, TV e Internet SIC internacional de Portugal.
Jornal Expresso de Portugal.
Rede de Rádio, TV e internet BBC Brasil.
Rede de Rádio, TV e internet DW (Deustche Weller).