Artigo
- A tragédia do impeachment do ex-governador Muniz Falcão na Assembleia
Legislativa em Alagoas e a violência no Estado. Roberto Ramalho é Advogado, Jornalista, Relações Públicas,
blogueiro e escritor.
O fato
aconteceu em setembro de 1957, quando os deputados estaduais de Alagoas se
reuniram em Maceió para votar o impeachment do então governador Muniz Falcão.
Oséias
Cardoso, principal adversário político do governador Muniz Falcão, liderou a
oposição composta por 21 deputados. Na época, a Câmara, como era chamada,
contava com 35 parlamentares.
O grupo
que se voltou contra o governador Muniz Falcão alegava irregularidades no poder
executivo e uma intensa brutalidade contra as opiniões divergentes ao governo.
Foi
então que, em uma sexta-feira 13, no decorrer da votação, houve um intenso
tiroteio dentro das dependências da “Casa
Tavares Bastos”, como é conhecida até hoje, que durou aproximadamente 10
minutos. Resultado da contenda: um deputado morto e oito feridos.
Segundo
especialistas em aproximadamente 10
minutos, mais de mil tiros foram disparados.
O fato
foi detalhadamente reconstruído pelo brilhante jornalista Jorge Oliveira em seu
livro "Curral da
Morte: O Impeachment de Sangue, Poder e Política no Nordeste", produto inédito de 30 anos de
pesquisa e coleta de informações sobre o caso.
No
referido livro diz o autor: “Essa prepotente amostra de poder daqueles que
controlavam a ferro e fogo os seus currais eleitorais – e que nessa data
deixaram as vias clandestinas e se instalaram à vontade em recinto oficial –
teve como resultado um deputado morto (o governista Humberto Mendes) e dezenas
de feridos. Imagens registradas no dia do conflito mostram parlamentares com
suas armas mal escondidas sob capas de chuva entrando na Assembleia num início
de tarde de sol escaldante. A beligerância era motivada pela votação do impeachment
do governador alagoano Muniz Falcão, acusado pelos oposicionistas de tentar
encarnar um “Robin Hood nordestino” ao criar novo imposto sobre a produção das
oligarquias do açúcar destinado à área social. Falcão não tinha nada de
esquerdista, estava mais para o populismo autoritário de Getúlio Vargas ou Juan
Domingo Perón, presidente da Argentina”.
O fato
ocorrido em Alagoas terminou repercutindo na mídia impressa dos EUA, sendo
manchete de capa do jornal norte-americano “The
New York Times”.
Eu mesmo
quando trabalhei à disposição do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas,
entre 1991 a 1996, fiz uma intensa pesquisa nos jornais da época “Gazeta de Alagoas”, “Jornal de Alagoas” e
“Correio de Alagoas”, um ex-parlamentar e ex-governador de Alagoas, que não
o cito por consideração à sua memória.
Depois
desse dia fatídico, os alagoanos nunca mais foram os mesmos e os mais velhos
não se esqueceram desse fato. A barbárie prosseguiu por mais de 20 anos. O
incidente é um marco para a história política de Alagoas e do Brasil.
E o
Estado de Alagoas hoje é um dos campeões mundiais em assassinatos, e nunca se
sequestrou, estuprou e matou tantas mulheres como agora e as autoridades não
fazem absolutamente nada para acabar com isso, inclusive o Poder Judiciário alagoano
que tem muitos magistrados que são covardes e frouxos no momento de tomar uma
decisão, enquanto outros são protegidos pelo aparato de segurança pública, seja
ele federal ou estadual, por terem tido a coragem de condenar pessoas da mais
alta periculosidade.
E o
Ministério Público estadual nada vem fazendo de concreto para combater o
feminicídio. Uma forma gravíssima e violenta de assassinatos contra as
mulheres.
Em todo
o Brasil, e, sobretudo no Nordeste, a fama de Alagoas é uma das piores.
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