Artigo – O surto de meningite que está
assolando o Brasil. Em Alagoas, homem morre vítima da doença em Marechal
Deodoro. Roberto Jorge é Jornalista e servidor aposentado da Universidade
Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.
1. Introdução
Desde o início do ano Brasil e
particularmente Alagoas vem tendo inúmeros casos de meningite bacteriana. Em
Alagoas, o último caso se deu em Marechal Deodoro quando um homem, de 45 anos
morreu, na terça-feira (25), vítima de meningite bacteriana causada por
estreptococos. A morte foi confirmada pela Secretaria Municipal de
Saúde.
Os surtos atuais de meningite no Brasil estão
predominantemente relacionados aos tipos meningocócicos B e C. A meningite
meningocócica B é responsável pela maioria dos casos recentes, enquanto o tipo
C também tem sido identificado em surtos em diferentes municípios.
De acordo com a Prefeitura de Marechal Deodoro o paciente estava recebendo tratamento por pneumonia e contraiu meningite como uma complicação da condição clínica prévia. Ele morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) José Francisco de Oliveira.
A Prefeitura de Marechal Deodoro afirmou que acompanhou caso e disse que não há necessidade de adoção de medidas mais rígidas, já que a meningite bacteriana possui menor potencial de transmissão.
De acordo com o site do Ministério
da Saúde, a doença meningocócica é uma
infecção bacteriana aguda e muito grave. Quando a doença se apresenta na forma invasiva,
ela se caracteriza por uma ou mais síndromes clínicas, sendo a meningite
meningocócica a mais frequente delas, e a meningococcemia a forma mais grave.
2. Agente Etiológico
A Neisseria meningitidis
(meningococo) é um diplococo Gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à
família Neisseriaceae.
A composição antigênica da cápsula polissacarídica permite a classicação do
meningococo em 12 diferentes sorogrupos: A, B, C, E, H, I, K, L, W, X, Y e Z.
Os sorogrupos A, B, C, Y, W e X
são os principais responsáveis pela ocorrência da doença invasiva, portanto de
epidemias.
Os meningococos são também
classificados em sorotipos e sorossubtipos, de acordo com a composição
antigênica das proteínas de membrana externa PorB e PorA, respectivamente (PLOTKIN
et al., 2018).
O período de incubação da meningite
bacteriana varia de 2 a 10 dias, com uma média de 3 a 4 dias. A
duração pode mudar dependendo da bactéria causadora da infecção.
- Tempo
médio: 3
a 4 dias
- Intervalo
geral: 2
a 10 dias
- Variação: O tempo exato pode ser
influenciado pelo agente etiológico (o tipo de bactéria). Por
exemplo, a meningite tuberculosa pode ocorrer nos seis meses seguintes à
infecção.
3. Os três
principais sinais de meningite
A meningite bacteriana é geralmente mais grave e os sintomas incluem febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. Muitas vezes há outros sintomas, como: mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), status mental alterado (confusão).
A meningite causada por meningococos, sobretudo a causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) é um diplococo Gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à família Neisseriaceae, tem que ser tratada imediatamente por antibióticos de última geração, logo no início quando descoberta na tentativa de salvar o paciente infectado.
Porém, o paciente deve ter as defesas orgânicas em boa condição e a quantidade de leucócitos recomendada deve estar num nível adequado para a sua idade, ultrapassando 5.000 UI.
A meningite bacteriana é transmitida principalmente de pessoa para pessoa por meio de secreções respiratórias, como gotículas de saliva, espirros e tosses. A transmissão pode ocorrer em locais com aglomeração de pessoas, como escolas e creches, e também através do compartilhamento de objetos de uso pessoal. Pessoas assintomáticas que carregam a bactéria podem espalhá-la sem saber.
4. A Meningite tem cura?
Sim, a meningite bacteriana tem cura, mas é crucial buscar atendimento médico imediatamente ao surgirem os primeiros sintomas para que o tratamento com antibióticos possa ser iniciado o mais rápido possível. Quanto mais cedo o tratamento começar, maiores as chances de cura e menores as chances de sequelas graves. As idades mais perigosas para meningite são os extremos de idade: crianças pequenas, especialmente abaixo de 5 anos, e idosos a partir de 60 anos. Isso ocorre porque o sistema imunológico das crianças ainda está em desenvolvimento, e o dos idosos tende a enfraquecer com o tempo. Pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, como as com HIV, câncer, diabetes ou doenças crônicas, também correm risco elevado.
O protocolo para meningite bacteriana envolve internação hospitalar, início imediato de antibioticoterapia (geralmente com vancomicina e ceftriaxona) e administração de corticosteroides como a dexametasona, se a idade permitir. O tratamento deve ser iniciado com base na suspeita clínica, mesmo antes da confirmação por exames, e a duração varia de acordo com o agente etiológico e a evolução do paciente.
5. Conclusão
O Ministério da Saúde monitora a situação da meningite no Brasil, com relatos de aumento de casos em 2025, incluindo casos bacterianos. Apesar da eliminação da circulação endêmica, o país registra surtos localizados em áreas com baixa cobertura vacinal. O ministério recomenda atenção aos sintomas e destaca que a meningite bacteriana pode ter consequências graves, como surdez e óbito.
Situação atual no Brasil
- Casos em 2025: De janeiro a julho de 2025, foram registrados 4.406 casos confirmados de meningite, sendo 1.731 bacterianos, 1.584 virais e 1.091 de outras causas.
- Surtos localizados: Ocorrem surtos em regiões específicas, como o recente aumento de casos de meningite meningocócica em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
- Preocupação
com meningite bacteriana: Há um aumento preocupante nos casos de
meningite bacteriana em 2025, com quase 2 mil ocorrências confirmadas até
abril.
O que o Ministério da Saúde recomenda
- Vigilância e controle: O Ministério da Saúde monitora surtos localizados e adota ações rápidas de controle, como a quimioprofilaxia ampliada (uso de antibióticos) para pessoas com exposição, mesmo que breve, aos pacientes.
- Orientação
à população: As autoridades de saúde reforçam a importância da
vacinação contra meningites e da atenção aos sintomas da doença.
Sintomas a serem observados
- Febre
alta repentina
- Dor
de cabeça intensa
- Rigidez
na nuca
- Náuseas
e vômitos persistentes
- Sensibilidade
à luz
- Manchas
vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem ao serem pressionadas
- Confusão
mental ou sonolência excessiva
- Em crianças, irritabilidade e choro persistente
- Sudorese Consequências graves da doença
- 1
em cada 6 pessoas com meningite bacteriana pode morrer.
- 1
em cada 5 pessoas pode ter complicações graves, como surdez, amputação de
membros ou danos neurológicos.
- A doença pode ser fatal em 24 horas se não for tratada rapidamente.
Veja a nota do Município de Marechal Deodoro:
A Prefeitura de Marechal Deodoro,
por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informa que o caso registrado na
terça-feira (25), na UPA José Francisco de Oliveira, trata-se de meningite
bacteriana causada por estreptococos. O paciente já estava em tratamento por
pneumonia, e a meningite foi uma complicação decorrente dessa condição clínica
prévia.
É importante esclarecer que não se
trata de meningite meningocócica, tipo com maior potencial de transmissão e que
requer medidas de profilaxia para pessoas que tiveram contato próximo com o
paciente. Portanto, não há risco epidemiológico para a população e nem para os
profissionais de saúde da unidade.
A Prefeitura lamenta o óbito do
paciente e expressa solidariedade aos familiares e amigos. A Secretaria
Municipal de Saúde segue acompanhando o caso e reforça que não há necessidade
de adoção de medidas adicionais por parte da comunidade.
Fontes
citadas
Prefeitura
de Marechal Deodoro
Ministério
da Saúde do Brasil – www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z
Pesquisa no Site Google – www.google.com

Nenhum comentário:
Postar um comentário