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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Artigo – Os 80 anos da vitória da China contra o império fascista japonês. Roberto Ramalho é jornalista e estudioso de assuntos históricos

Presidente Xi Jinping comanda desfile militar pelos 80 anos da vitória contra o Japão.
1. Introdução

Os conflitos do Japão com a China foram consequência de uma postura imperialista surgida no governo de Tóquio a partir do século XIX. Até a segunda metade do século XIX, o Japão era um país semifeudal e economicamente isolado do mundo. Esse quadro alterou-se com a Restauração Meiji de 1868.

A invasão do Japão à China durou aproximadamente oito anos, de 7 de julho de 1937 a 2 de setembro de 1945, período conhecido como a Segunda Guerra Sino-Japonesa. Em algumas interpretações, o conflito pode ter começado mais cedo, com a Invasão japonesa da Manchúria em 1931, que durou até o fim da Segunda Guerra Mundial. 

2. Histórico do conflito. Principais datas

1931: Invasão japonesa da Manchúria, um episódio que alguns consideram o início do conflito de longo prazo.

1937: Início da Segunda Guerra Sino-Japonesa em grande escala, após o Incidente da Ponte Marco Polo.

1945: O fim da guerra coincide com a rendição incondicional do Japão no final da Segunda Guerra Mundial.

3. Contexto do conflito:

3.1         -  Ambições imperialistas:

O Japão visava expandir seu domínio sobre territórios chineses, um desejo presente desde o século XIX. 

3.2         -  Pretexto:

O Incidente de Mukden (1931) e o Incidente da Ponte Marco Polo (1937) serviram de pretexto para a invasão japonesa. 

3.3 - Escalada:

A guerra se fundiu com outros conflitos da Segunda Guerra Mundial após os ataques japoneses a outros países asiáticos e Pearl Harbor em 1941. 

Por que os japoneses estavam conseguindo invadir a China?

Assim, pode-se dizer que a invasão de 1937, iniciada em 7 de julho, foi o resultado lógico de uma política crescentemente expansionista que mobilizava o governo de Tóquio desde os finais do século 19. Todavia, para os estrategistas do estado-maior nipônico, a guerra contra a China tinha que ser rápida.

Outra versão é a de que o Japão invadiu a China devido às suas ambições imperialistas e necessidades econômicas, buscando matérias-primas para suas indústrias e expandir seu poder na Ásia. A invasão começou oficialmente com o Incidente da Ponte Marco Polo em 1937 – já relatado acima -, após uma disputa entre tropas japonesas e chinesas, mas o conflito remonta ao Incidente de Mukden em 1931, que levou à ocupação da Manchúria. 

4 – Artigo do professor Associado da Faculdade de Direito da UFF e Professor da FGV do Rio de Janeiro e Professor da Cátedra Wutong da Beijing Language and Culture University e Prêmio Amizade do Governo Central da China 2023, Evandro Menezes de Carvalho

Em artigo escrito para o Site www.chinahoje.net Evandro Menezes de Carvalho afirma que a invasão japonesa avançou em larga escala no território chinês a partir de julho de 1937, dando início à fase mais sangrenta da Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa que marcou, também, o início da Segunda Guerra Mundial na Ásia e que se estendeu até 1945. Em novembro de 1937, mais de 200.000 soldados japoneses capturaram a então capital da China, Nanjing, e cometeram execuções em massa e milhares de estupros contra civis chineses. Foram mais de 300.000 chineses mortos. O Massacre de Nanjing foi um dos eventos mais violentos da história da humanidade. Um fato pouco contado nos livros de história do Ocidente e, também, da América Latina.

De acordo com Evandro Menezes de Carvalho, a guerra resultou na morte de 20 milhões de pessoas, a maioria civis chineses. Porém, do esforço heroico do seu povo, a China venceu a guerra e recuperou os territórios perdidos. Além disso, o país foi reconhecido como uma das quatro grandes potências aliadas na Segunda Guerra Mundial, tornando-se um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Tal experiência histórica da China ilumina um ponto crucial: nenhuma luta contra o nazifascismo é isolada, mas sempre conectada a dinâmicas internacionais. Hoje, revisitar esse legado nos convida a pensar criticamente sobre os riscos contemporâneos de erosão do tecido social e ascensão de movimentos extremistas, sobretudo no Ocidente, e a reafirmar o valor da solidariedade antifascista como fundamento ético e político para o século XXI.

Afirmou o professor contando um pouco da sua vivência e experiência pessoal na China: “Dez anos atrás, por ocasião da celebração do 70º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do povo chinês contra a agressão japonesa, eu estava morando na China e visitei o Memorial das Vítimas do Massacre de Nanjing pelos Invasores Japoneses. Esta visita me fez adquirir uma consciência histórica mais profunda do significado doloroso deste triste episódio para o povo chinês e para a humanidade”.

Continuando com seu pensamento no referido artigo escrito, diz o Professor Evandro Menezes de Carvalho: “Olhando para o presente, a comemoração dos 80 anos da vitória na Guerra Mundial Antifascista nos convida a uma reflexão urgente. O nazifascismo que acreditávamos derrotado em 1945 não desapareceu. Ele ressurgiu nos anos recentes, muitas vezes mascarado por discursos nacionalistas extremos, ódio contra minorias, manipulação da verdade e ataques às instituições. Nações do Ocidente, que outrora combateram o fascismo, hoje elegem governantes e veem setores de suas sociedades flertando perigosamente com ideias e práticas que lembram aquele passado sombrio.

E faz uma advertência e reflexão sobre o assunto: A história nos adverte: “o fascismo não retorna de um dia para o outro, mas se infiltra de forma sutil, normalizando a intolerância, o revisionismo histórico e a lógica da exclusão. É por isso que a memória da resistência chinesa, e do esforço mundial na Guerra Antifascista, precisa ser preservada e transmitida. É por isso que precisamos estar vigilantes. É por isto que estamos aqui. E só estamos aqui porque milhares de chineses, bem como milhares de pessoas dos países que lutaram contra o nazifascismo, morreram e venceram por nós”.

5. O desfile militar das Forças Armadas chinesas em comemoração à vitória sobre o Japão fascista

A China celebra o Victory Day em 3 de setembro, um dia após a assinatura da rendição japonesa em 1945. Trata-se de um marco que reafirma a narrativa de que a resistência chinesa foi um dos pilares centrais da derrota do fascismo global.

Durante a realização do evento militar, o líder chinês roubou os holofotes e os usou para mostrar seu poder e influência sobre uma aliança liderada pelo Oriente, formando um grupo desafiador, determinado a pressionar a ordem mundial liderada pelos Estados Unidos.

Além de Kim Jong-un e Vladimir Putin, mais de 20 chefes de Estado estrangeiros estavam presentes. No início da semana, Xi Jinping pareceu restabelecer seu conturbado relacionamento com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O que motivou a aproximação foi a tarifa de 50% imposta por Trump à importação de produtos indianos despertando o descongelamento das relações entre os dois rivais de longa data. O espetáculo de quarta-feira (3/9), em princípio, deveria comemorar os 80 anos da vitória contra o Japão na Segunda Guerra Mundial. Mas, na verdade, ela celebrava a posição para onde se dirige a China — direto para o topo, com Xi Jinping desempenhando o papel de um líder global. E, aos seus pés, estavam suas Forças Armadas, que estão sendo desenvolvidas para rivalizar com o Ocidente.

Xi Jinping enviou um recado para os EUA e para as demais potências militares ocidentais com uma forte mensagem para um mundo que titubeia frente à imprevisibilidade do presidente Trump.

Afirmou o líder chinês Xi Jinping durante o desfile militar: “Hoje, a humanidade está enfrentando a escolha de paz ou guerra, diálogo ou confronto, ganha-ganha ou soma zero. O povo chinês está firmemente do lado certo da história e do lado progressista da civilização humana, adere ao caminho do desenvolvimento pacífico e trabalha lado a lado com os povos de todos os países para construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade”.

6. Conclusão

Antes do desfile militar quando a China comemorará os 80 anos da vitória do seu Exército e do seu povo contra o Japão fascista e agressor, o presidente da ChinaXi Jinping, recebeu no domingo os líderes da Rússia e da Índia em Tianjin, no leste do país, para a abertura da cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), bloco liderado por Pequim e Moscou que se apresenta como alternativa à ordem internacional dominada pelo Ocidente.

O encontro prosseguiu até segunda-feira, reunindo 20 chefes de Estado ocorrendo dias antes de um desfile militar em Pequim para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. O evento que Xi está usando como mais uma demonstração de força, também marca o primeiro encontro em sete anos do líder chinês com o indiano Narendra Modi, a quem defendeu que os dois países devem ser “parceiros, e não rivais”.

Em 2020 em plena Pandemia de covid-19 tropas desarmadas dois gigantes asiáticos se enfrentaram numa montanha que divide os dois países fazendo uso de instrumentos rudimentares como paus e pedras deixando dezenas de mortos dos dois lados, agravando a relação entre os países que fazem fronteira.

A reunião é a maior da história da OCX desde sua fundação em 2001. Além da China, Índia e Rússia, o grupo inclui países como Irã, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão. Outros 16 países participam como observadores ou parceiros de diálogo, entre eles Turquia e Malásia. Segundo analistas, a presença maciça reforça a aposta de Xi Jinping em consolidar o bloco — que representa quase metade da população mundial e uma parte significativa do PIB global — como um contrapeso à Otan e como instrumento para redesenhar as alianças globais em meio à deterioração das relações com Washington e Bruxelas.

Entre os líderes convidados, destacam-se o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Ambos têm interesses imediatos em intensificar laços com Pequim: Putin busca novas frentes de apoio para contornar sanções ocidentais impostas após a invasão da Ucrânia, enquanto Modi tenta reduzir tensões após o aumento expressivo das tarifas americanas sobre produtos indianos. As medidas punitivas de Washington, anunciadas recentemente pelo governo Trump, minaram a confiança da Índia na parceria estratégica com os EUA e abriram espaço para um reequilíbrio com a China.

Xi soube explorar esse cenário. Em seu primeiro encontro com Modi desde 2018, o líder chinês afirmou que os dois países devem ser “parceiros, e não rivais”, oferecendo oportunidades mútuas de desenvolvimento. Modi respondeu em tom conciliador, destacando que “a paz e a tranquilidade nas áreas de fronteira” são essenciais para o relacionamento — um sinal de distensão após os confrontos sangrentos de 2020 no Himalaia.

Enquanto isso no Brasil, Jair Messias Bolsonaro está sendo julgado por tentativa de Golpe de Estado, Abolição do Estado de Direito Democrático, Organização Criminosa Armada, entre outros crimes, e a tendência é que o STF o condene quando da decisão dos ministros na próxima semana, além dos demais envolvidos que participaram do núcleo principal da trama golpista que quase leva o Brasil retornar para os piores momentos vividos pelos democratas, progressistas e esquerdistas, no caso o autoritarismo e uma nova ditadura.

Referência:

De Carvalho, Evandro Menezes. Artigo do professor Associado da Faculdade de Direito da UFF e Professor da FGV do Rio de Janeiro e Professor da Cátedra Wutong da Beijing Language and Culture University e Prêmio Amizade do Governo Central da China 2023.

Fontes de informação. Sites:

China Hoje - www.chinahoje.net

Terra – www.terra.com.br

BBCBrasil – www.bbcbrasil.com

Globo.com – www.globo.com.br 

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