Artigo – Os 80 anos da vitória da China contra o império fascista japonês. Roberto Ramalho é jornalista e estudioso de assuntos históricos
Os
conflitos do Japão com a China foram consequência de uma postura
imperialista surgida no governo de Tóquio a partir do século XIX. Até a segunda
metade do século XIX, o Japão era um país semifeudal e economicamente isolado
do mundo. Esse quadro alterou-se com a Restauração Meiji de 1868.
A
invasão do Japão à China durou aproximadamente oito anos, de 7 de julho de 1937
a 2 de setembro de 1945, período conhecido como a Segunda
Guerra Sino-Japonesa. Em
algumas interpretações, o conflito pode ter começado mais cedo, com a Invasão japonesa
da Manchúria em
1931, que durou até o fim da Segunda Guerra Mundial.
2.
Histórico do conflito. Principais datas
1931: Invasão
japonesa da Manchúria, um episódio que alguns consideram o início do conflito
de longo prazo.
1937: Início
da Segunda Guerra
Sino-Japonesa em
grande escala, após o Incidente da Ponte Marco Polo.
1945: O fim
da guerra coincide com a rendição incondicional do Japão no final da Segunda
Guerra Mundial.
3. Contexto
do conflito:
3.1
- Ambições
imperialistas:
O Japão
visava expandir seu domínio sobre territórios chineses, um desejo presente
desde o século XIX.
3.2
- Pretexto:
O
Incidente de Mukden (1931) e o Incidente da Ponte Marco Polo (1937) serviram de
pretexto para a invasão japonesa.
3.3 - Escalada:
A
guerra se fundiu com outros conflitos da Segunda Guerra Mundial após os
ataques japoneses a outros países asiáticos e Pearl Harbor em 1941.
Por que
os japoneses estavam conseguindo invadir a China?
Assim, pode-se dizer que a invasão de 1937, iniciada em 7
de julho, foi o resultado lógico de uma política crescentemente
expansionista que mobilizava o governo de Tóquio desde os finais do
século 19. Todavia, para os estrategistas do estado-maior nipônico, a guerra
contra a China tinha que ser rápida.
Outra versão é a de que o Japão
invadiu a China devido às suas ambições imperialistas e
necessidades econômicas, buscando matérias-primas para suas indústrias e
expandir seu poder na Ásia. A invasão começou oficialmente com o Incidente
da Ponte Marco Polo em 1937 – já relatado acima -, após uma disputa
entre tropas japonesas e chinesas, mas o conflito remonta ao Incidente de
Mukden em 1931, que levou à ocupação da Manchúria.
4 –
Artigo do professor Associado da Faculdade de Direito da UFF e Professor da FGV
do Rio de Janeiro e Professor da Cátedra Wutong da Beijing Language and Culture
University e Prêmio Amizade do Governo Central da China 2023, Evandro Menezes
de Carvalho
Em
artigo escrito para o Site www.chinahoje.net Evandro Menezes de Carvalho afirma que a invasão japonesa avançou em larga escala no
território chinês a partir de julho de 1937, dando início à fase mais sangrenta
da Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa que marcou, também, o
início da Segunda Guerra Mundial na Ásia e que se estendeu até 1945. Em
novembro de 1937, mais de 200.000 soldados japoneses capturaram a então capital
da China, Nanjing, e cometeram execuções em massa e milhares de estupros
contra civis chineses. Foram mais de 300.000 chineses mortos. O Massacre de
Nanjing foi um dos eventos mais violentos da história da humanidade. Um fato
pouco contado nos livros de história do Ocidente e, também, da América Latina.
De
acordo com Evandro Menezes de Carvalho, a guerra resultou na morte de 20
milhões de pessoas, a maioria civis chineses. Porém, do esforço heroico do seu
povo, a China venceu a guerra e recuperou os territórios perdidos. Além
disso, o país foi reconhecido como uma das quatro grandes potências aliadas na Segunda
Guerra Mundial, tornando-se um dos cinco membros permanentes do Conselho
de Segurança da ONU. Tal experiência histórica da China ilumina um
ponto crucial: nenhuma luta contra o nazifascismo é isolada, mas sempre
conectada a dinâmicas internacionais. Hoje, revisitar esse legado nos convida a
pensar criticamente sobre os riscos contemporâneos de erosão do tecido social e
ascensão de movimentos extremistas, sobretudo no Ocidente, e a reafirmar o
valor da solidariedade antifascista como fundamento ético e político para o
século XXI.
Afirmou
o professor contando um pouco da sua vivência e experiência pessoal na China: “Dez
anos atrás, por ocasião da celebração do 70º aniversário da vitória na Guerra
de Resistência do povo chinês contra a agressão japonesa, eu estava morando na China
e visitei o Memorial das Vítimas do Massacre de Nanjing pelos Invasores
Japoneses. Esta visita me fez adquirir uma consciência histórica mais
profunda do significado doloroso deste triste episódio para o povo chinês e
para a humanidade”.
Continuando
com seu pensamento no referido artigo escrito, diz o Professor
Evandro Menezes de Carvalho: “Olhando para o presente, a comemoração dos 80
anos da vitória na Guerra Mundial Antifascista nos convida a uma reflexão
urgente. O nazifascismo que acreditávamos derrotado em 1945 não
desapareceu. Ele ressurgiu nos anos recentes, muitas vezes mascarado
por discursos nacionalistas extremos, ódio contra minorias, manipulação da
verdade e ataques às instituições. Nações do Ocidente, que outrora combateram o
fascismo, hoje elegem governantes e veem setores de suas sociedades flertando
perigosamente com ideias e práticas que lembram aquele passado sombrio.
E faz
uma advertência e reflexão sobre o assunto: A história nos adverte: “o
fascismo não retorna de um dia para o outro, mas se infiltra de forma sutil,
normalizando a intolerância, o revisionismo histórico e a lógica da exclusão. É
por isso que a memória da resistência chinesa, e do esforço mundial na Guerra
Antifascista, precisa ser preservada e transmitida. É por isso que precisamos
estar vigilantes. É por isto que estamos aqui. E só estamos aqui porque
milhares de chineses, bem como milhares de pessoas dos países que lutaram
contra o nazifascismo, morreram e venceram por nós”.
5. O
desfile militar das Forças Armadas chinesas em comemoração à vitória sobre o
Japão fascista
A China
celebra o Victory Day em 3 de setembro, um dia após a assinatura da rendição
japonesa em 1945. Trata-se de um marco que reafirma a narrativa de que a
resistência chinesa foi um dos pilares centrais da derrota do fascismo global.
Durante
a realização do evento militar, o líder chinês roubou os holofotes e os usou
para mostrar seu poder e influência sobre uma aliança liderada pelo Oriente,
formando um grupo desafiador, determinado a pressionar a ordem mundial liderada
pelos Estados Unidos.
Além de
Kim Jong-un e Vladimir Putin, mais de 20 chefes de Estado estrangeiros
estavam presentes. No início da semana, Xi Jinping pareceu restabelecer seu
conturbado relacionamento com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
O que motivou a aproximação foi a tarifa de 50% imposta por Trump à importação
de produtos indianos despertando o descongelamento das relações entre os dois
rivais de longa data. O espetáculo de quarta-feira (3/9), em princípio,
deveria comemorar os 80 anos da vitória contra o Japão na Segunda
Guerra Mundial. Mas, na verdade, ela celebrava a posição para onde se
dirige a China — direto para o topo, com Xi Jinping desempenhando o
papel de um líder global. E, aos seus pés, estavam suas Forças Armadas, que estão sendo desenvolvidas para
rivalizar com o Ocidente.
Xi
Jinping enviou um recado para os EUA e para as demais potências militares
ocidentais com uma forte mensagem para um mundo que titubeia frente à imprevisibilidade do presidente Trump.
Afirmou
o líder chinês Xi Jinping durante o desfile militar: “Hoje,
a humanidade está enfrentando a escolha de paz ou guerra, diálogo ou confronto,
ganha-ganha ou soma zero. O povo chinês está firmemente do lado certo da
história e do lado progressista da civilização humana, adere ao caminho do
desenvolvimento pacífico e trabalha lado a lado com os povos de todos os países
para construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade”.
6.
Conclusão
Antes
do desfile militar quando a China comemorará os 80 anos da vitória do seu
Exército e do seu povo contra o Japão fascista e agressor, o presidente
da China, Xi Jinping, recebeu no domingo os líderes
da Rússia e da Índia em Tianjin, no leste do país,
para a abertura da cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX),
bloco liderado por Pequim e Moscou que se apresenta como alternativa à ordem
internacional dominada pelo Ocidente.
O
encontro prosseguiu até segunda-feira, reunindo 20 chefes de Estado ocorrendo
dias antes de um desfile militar em Pequim para marcar os 80 anos do fim da
Segunda Guerra Mundial. O evento que Xi está usando como mais uma
demonstração de força, também marca o primeiro encontro em sete anos do líder
chinês com o indiano Narendra Modi, a quem defendeu que os dois países
devem ser “parceiros, e não rivais”.
Em 2020
em plena Pandemia de covid-19 tropas desarmadas dois gigantes asiáticos
se enfrentaram numa montanha que divide os dois países fazendo uso de
instrumentos rudimentares como paus e pedras deixando dezenas de mortos dos
dois lados, agravando a relação entre os países que fazem fronteira.
A
reunião é a maior da história da OCX desde sua fundação em 2001. Além da China,
Índia e Rússia, o grupo inclui países como Irã, Paquistão, Cazaquistão,
Quirguistão e Uzbequistão. Outros 16 países participam como
observadores ou parceiros de diálogo, entre eles Turquia e Malásia.
Segundo analistas, a presença maciça reforça a aposta de Xi Jinping em
consolidar o bloco — que representa quase metade da população mundial e uma
parte significativa do PIB global — como um contrapeso à Otan e
como instrumento para redesenhar as alianças globais em meio à deterioração das
relações com Washington e Bruxelas.
Entre
os líderes convidados, destacam-se o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano,
Narendra Modi. Ambos têm interesses imediatos em
intensificar laços com Pequim: Putin busca novas frentes de apoio para
contornar sanções ocidentais impostas após a invasão da Ucrânia,
enquanto Modi tenta reduzir tensões após o aumento expressivo das tarifas
americanas sobre produtos indianos. As medidas punitivas de Washington,
anunciadas recentemente pelo governo Trump, minaram a confiança da Índia na
parceria estratégica com os EUA e abriram espaço para um reequilíbrio
com a China.
Xi
soube explorar esse cenário. Em seu primeiro encontro com Modi desde 2018, o
líder chinês afirmou que os dois países devem ser “parceiros, e não rivais”,
oferecendo oportunidades mútuas de desenvolvimento. Modi respondeu em
tom conciliador, destacando que “a paz e a tranquilidade nas áreas de
fronteira” são essenciais para o relacionamento — um sinal de distensão
após os confrontos sangrentos de 2020 no Himalaia.
Enquanto
isso no Brasil, Jair Messias Bolsonaro está sendo julgado por tentativa de
Golpe de Estado, Abolição do Estado de Direito Democrático, Organização
Criminosa Armada, entre outros crimes, e a tendência é que o STF o condene
quando da decisão dos ministros na próxima semana, além dos demais envolvidos
que participaram do núcleo principal da trama golpista que quase leva o Brasil retornar
para os piores momentos vividos pelos democratas, progressistas e esquerdistas,
no caso o autoritarismo e uma nova ditadura.
Referência:
De
Carvalho, Evandro Menezes. Artigo do professor Associado da Faculdade de
Direito da UFF e Professor da FGV do Rio de Janeiro e Professor da Cátedra
Wutong da Beijing Language and Culture University e Prêmio Amizade do Governo
Central da China 2023.
Fontes
de informação. Sites:
China
Hoje - www.chinahoje.net
Terra –
www.terra.com.br
BBCBrasil
– www.bbcbrasil.com
Globo.com – www.globo.com.br