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sábado, 29 de novembro de 2025

Artigo – O surto de meningite que está assolando o Brasil. Em Alagoas, homem morre vítima da doença em Marechal Deodoro. Roberto Jorge é Jornalista e servidor aposentado da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.

1. Introdução

Desde o início do ano Brasil e particularmente Alagoas vem tendo inúmeros casos de meningite bacteriana. Em Alagoas, o último caso se deu em Marechal Deodoro quando um homem, de 45 anos morreu, na terça-feira (25), vítima de meningite bacteriana causada por estreptococos. A morte foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde.

Os surtos atuais de meningite no Brasil estão predominantemente relacionados aos tipos meningocócicos B e C. A meningite meningocócica B é responsável pela maioria dos casos recentes, enquanto o tipo C também tem sido identificado em surtos em diferentes municípios.  

De acordo com a Prefeitura de Marechal Deodoro o paciente estava recebendo tratamento por pneumonia e contraiu meningite como uma complicação da condição clínica prévia. Ele morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) José Francisco de Oliveira.

A Prefeitura de Marechal Deodoro afirmou que acompanhou caso e disse que não há necessidade de adoção de medidas mais rígidas, já que a meningite bacteriana possui menor potencial de transmissão.

De acordo com o site do Ministério da Saúde, a doença meningocócica é uma infecção bacteriana aguda e muito grave. Quando a doença se apresenta na forma invasiva, ela se caracteriza por uma ou mais síndromes clínicas, sendo a meningite meningocócica a mais frequente delas, e a meningococcemia a forma mais grave.

2. Agente Etiológico 

A Neisseria meningitidis (meningococo) é um diplococo Gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à família Neisseriaceae. A composição antigênica da cápsula polissacarídica permite a classicação do meningococo em 12 diferentes sorogrupos: A, B, C, E, H, I, K, L, W, X, Y e Z.

Os sorogrupos A, B, C, Y, W e X são os principais responsáveis pela ocorrência da doença invasiva, portanto de epidemias.

Os meningococos são também classificados em sorotipos e sorossubtipos, de acordo com a composição antigênica das proteínas de membrana externa PorB e PorA, respectivamente (PLOTKIN et al., 2018).

O período de incubação da meningite bacteriana varia de 2 a 10 dias, com uma média de 3 a 4 dias. A duração pode mudar dependendo da bactéria causadora da infecção. 

  • Tempo médio: 3 a 4 dias 
  • Intervalo geral: 2 a 10 dias 
  • Variação: O tempo exato pode ser influenciado pelo agente etiológico (o tipo de bactéria). Por exemplo, a meningite tuberculosa pode ocorrer nos seis meses seguintes à infecção. 

3. Os três principais sinais de meningite

A meningite bacteriana é geralmente mais grave e os sintomas incluem febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. Muitas vezes há outros sintomas, como: mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), status mental alterado (confusão).

A meningite causada por meningococos, sobretudo a causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) é um diplococo Gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à família Neisseriaceae, tem que ser tratada imediatamente por antibióticos de última geração, logo no início quando descoberta na tentativa de salvar o paciente infectado.

Porém, o paciente deve ter as defesas orgânicas em boa condição e a quantidade de leucócitos recomendada deve estar num nível adequado para a sua idade, ultrapassando 5.000 UI.

A meningite bacteriana é transmitida principalmente de pessoa para pessoa por meio de secreções respiratórias, como gotículas de saliva, espirros e tosses. A transmissão pode ocorrer em locais com aglomeração de pessoas, como escolas e creches, e também através do compartilhamento de objetos de uso pessoal. Pessoas assintomáticas que carregam a bactéria podem espalhá-la sem saber. 

4. A Meningite tem cura?

Sim, a meningite bacteriana tem cura, mas é crucial buscar atendimento médico imediatamente ao surgirem os primeiros sintomas para que o tratamento com antibióticos possa ser iniciado o mais rápido possível. Quanto mais cedo o tratamento começar, maiores as chances de cura e menores as chances de sequelas graves. As idades mais perigosas para meningite são os extremos de idade: crianças pequenas, especialmente abaixo de 5 anos, e idosos a partir de 60 anos. Isso ocorre porque o sistema imunológico das crianças ainda está em desenvolvimento, e o dos idosos tende a enfraquecer com o tempo. Pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, como as com HIV, câncer, diabetes ou doenças crônicas, também correm risco elevado. 

O protocolo para meningite bacteriana envolve internação hospitalar, início imediato de antibioticoterapia (geralmente com vancomicina e ceftriaxona) e administração de corticosteroides como a dexametasona, se a idade permitir. O tratamento deve ser iniciado com base na suspeita clínica, mesmo antes da confirmação por exames, e a duração varia de acordo com o agente etiológico e a evolução do paciente.  

5. Conclusão

O Ministério da Saúde monitora a situação da meningite no Brasil, com relatos de aumento de casos em 2025, incluindo casos bacterianos. Apesar da eliminação da circulação endêmica, o país registra surtos localizados em áreas com baixa cobertura vacinal. O ministério recomenda atenção aos sintomas e destaca que a meningite bacteriana pode ter consequências graves, como surdez e óbito. 

Situação atual no Brasil

  • Casos em 2025: De janeiro a julho de 2025, foram registrados 4.406 casos confirmados de meningite, sendo 1.731 bacterianos, 1.584 virais e 1.091 de outras causas.
  • Surtos localizados: Ocorrem surtos em regiões específicas, como o recente aumento de casos de meningite meningocócica em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
  • Preocupação com meningite bacteriana: Há um aumento preocupante nos casos de meningite bacteriana em 2025, com quase 2 mil ocorrências confirmadas até abril. 

 O que o Ministério da Saúde recomenda 

  • Vigilância e controle: O Ministério da Saúde monitora surtos localizados e adota ações rápidas de controle, como a quimioprofilaxia ampliada (uso de antibióticos) para pessoas com exposição, mesmo que breve, aos pacientes. 
  • Orientação à população: As autoridades de saúde reforçam a importância da vacinação contra meningites e da atenção aos sintomas da doença. 

 Sintomas a serem observados

  • Febre alta repentina
  • Dor de cabeça intensa
  • Rigidez na nuca
  • Náuseas e vômitos persistentes
  • Sensibilidade à luz
  • Manchas vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem ao serem pressionadas
  • Confusão mental ou sonolência excessiva
  • Em crianças, irritabilidade e choro persistente
  • Sudorese                                                                                              Consequências graves da doença
  • 1 em cada 6 pessoas com meningite bacteriana pode morrer.
  • 1 em cada 5 pessoas pode ter complicações graves, como surdez, amputação de membros ou danos neurológicos.
  • A doença pode ser fatal em 24 horas se não for tratada rapidamente. 

Veja a nota do Município de Marechal Deodoro: 

A Prefeitura de Marechal Deodoro, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informa que o caso registrado na terça-feira (25), na UPA José Francisco de Oliveira, trata-se de meningite bacteriana causada por estreptococos. O paciente já estava em tratamento por pneumonia, e a meningite foi uma complicação decorrente dessa condição clínica prévia.

É importante esclarecer que não se trata de meningite meningocócica, tipo com maior potencial de transmissão e que requer medidas de profilaxia para pessoas que tiveram contato próximo com o paciente. Portanto, não há risco epidemiológico para a população e nem para os profissionais de saúde da unidade.

A Prefeitura lamenta o óbito do paciente e expressa solidariedade aos familiares e amigos. A Secretaria Municipal de Saúde segue acompanhando o caso e reforça que não há necessidade de adoção de medidas adicionais por parte da comunidade.

Fontes citadas

Prefeitura de Marechal Deodoro

Ministério da Saúde do Brasil – www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z

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