Promotor
de Justiça de apenas 36 anos é brutalmente assassinado com 20 tiros na presença
da noiva advogada
Jornalista
Roberto Ramalho
Promotor de Justiça de 36 anos foi morto com 20 tiros quando seguia para
o fórum de Itaíba, cidade a 340 km de distância do Recife.
Na manhã desta segunda-feira, Thiago Faria de Godoy Magalhães conduzia
seu carro quando foi tocaiado por dois automóveis.
Ele viajava na companhia da noiva, a advogada Mysheva Freire Ferrão
Martins.
A noiva escapou, saltando do carro em movimento e já está em casa apenas
com escoriações nos braços e nas pernas, mas está em estado de choque.
O promotor havia saído de Águas Belas, onde morava, e seguia para
Itaíba. O casal se casaria em 1º de novembro.
Itaíba é uma cidade conhecida por crimes de pistolagem,
assim como diversas outras do Estado de Pernambuco.
A advogada Mysheva Freire Ferrão Martins e Adauto
Martins que estavam no carro com o promotor que dirigia quando foi atingido,
mas conseguiram escapar sem ferimentos graves, já prestaram depoimentos à polícia.
Mysheva
Martins era noiva de Thiago Faria e informou à polícia que os três seguiam do
município de Águas Belas para Itaíba, municípios do Agreste, quando um veículo
de pequeno porte emparelhou ao que estavam. Nesse momento o passageiro do outro
carro estendeu uma espingarda – provavelmente de calibre 12 - e disparou.
Thiago Faria foi atingido no pescoço e estacionou. Os criminosos continuaram no
sentido a Itaíba, mas retornaram e realizaram mais tiros contra o promotor. Ela
e o tio conseguiram fugir.
A polícia já trata o caso como
sendo crime de execução e não pôde dar detalhes, para não atrapalhar as
investigações.
O governador Eduardo Campos e o procurador-geral Aguinaldo Fenelon, do Ministério
Público de Pernambuco (MPPE), também estão engajados no caso.
Nessa segunda-feira, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, determinou que três procuradores do MPF (Ministério Público
Federal) acompanhem de perto as investigações do assassinato do professor e
promotor de Justiça, além dos quatro delegados que já estão
desenvolvendo as linhas de investigações do crime.
Eles também
contam com o apoio de policiais civis e militares do Agreste e Sertão, além de
um helicóptero para tentar encontrar e prender os criminosos.
Magalhães também exerceu cumulativamente as funções de
promotor de Justiça em Calçado (205 km do Recife) e a 1ª Promotoria Criminal de
Garanhuns (232 km do Recife). Além de promotor, Thiago também foi autor de
livros jurídicos e era professor conhecido em Pernambuco de cursos
preparatórios para concurso.
Também na tarde dessa segunda-feira, a Conamp (Associação Nacional dos
Membros do Ministério Público) divulgou nota de repúdio ao assassinato do
promotor.
De acordo com a associação, o crime "afronta o profissional que
exerce o seu múnus buscando a justiça, a sociedade destinatária de seus
préstimos e o próprio estado democrático de direito”.
A entidade ainda exige "celeridade na elucidação do crime e a
responsabilização rigorosa de todos os envolvidos" e pede "urgentes
medidas no sentido de resguardar a integridade física e a vida dos promotores,
procuradores e magistrados, e de seus respectivos familiares, expostos a situações
de risco em razão do cargo".
E conclui afirmando que casos de ameaças, atentados e assassinatos de
integrantes do sistema judicial são comuns. "Essa realidade é inaceitável,
principalmente, porque esses profissionais são alvo de organizações criminosas
no exercício de sua função constitucional de garantir o cumprimento das leis e
a efetividade do estado democrático de direito no país", diz.
Está na hora de por as Forças Armadas nas ruas, logradouros públicos e
caçar esses bandidos que estão ameaçando a todos os brasileiros que tem o
direito sagrado de ir e vir e de se manifestar livremente.